Foto: reprodução / Clara Aguiar
A Vila Resistência, localizada na Zona Oeste de Santa Maria, celebra neste domingo (14) seus nove anos de formação com a inauguração da Escola Comunitária da ocupação. O espaço, construído por meio de mutirões formados por moradores e apoiadores, será um centro educacional e cultural com atividades voltadas a crianças, jovens e adultos da comunidade e de outros bairros da região.
A programação de aniversário começa às 15h e inclui apresentações artísticas, teatro, rodas de capoeira, dança, gincanas para as crianças e o sarau “Verso Livre 100 Chinelagem”. A agenda completa está disponível no perfil oficial da comunidade no Instagram (@vilaresistencia).
Escola Comunitária: educação popular e acesso gratuito

A nova escola comunitária funcionará como um centro de formação continuada, com sala de atividades, biblioteca popular e cozinha comunitária. O espaço será destinado a oficinas, reforço escolar, alfabetização de adultos, ações culturais e práticas voltadas à valorização das identidades e da convivência comunitária.
O projeto surgiu a partir da percepção dos moradores sobre a necessidade de um espaço educativo dentro do território. A construção foi realizada de forma coletiva, em mutirões que reuniram pessoas da comunidade e voluntários.
Para a artista visual Rusha, moradora da Vila Resistência e arte-educadora da escola, o espaço consolida um esforço contínuo de organização popular:
– Para nós, ter um espaço de educação popular e gratuito dentro da comunidade, feito pelo povo e para o povo, mostra a força da mobilização coletiva. Acreditamos que a escolinha possa inspirar outras comunidades a se organizarem e fortalecerem seus territórios.
De ocupação à comunidade organizada

A Vila Resistência surgiu em outubro de 2016, quando cerca de 40 famílias ocuparam uma área pública que estava há mais de 20 anos sem destinação. A maioria dos moradores havia sido despejada dias antes de uma área no Bairro Pinheiro Machado, em uma ação que deixou mais de 650 famílias sem alternativa habitacional.
Desde então, o território se mantém por meio de autogestão. Moradores organizam reuniões, atividades culturais, aulas de alfabetização, mutirões de infraestrutura e manutenção de espaços coletivos. Entre as iniciativas já consolidadas estão a horta comunitária, o campo de futebol, a pracinha e uma cozinha comunitária.
Hoje, mais de 200 pessoas vivem no local. O território se tornou referência na região pela mobilização comunitária e por projetos voltados à educação, cultura e cuidado ambiental. Além da escola comunitária, a Vila Resistência abriga o Griô Ateliê, coletivo que promove oficinas de arte e cultura em escolas, praças e comunidades periféricas.
A inauguração, segundo os moradores, representa um avanço importante na consolidação de políticas comunitárias de educação e formação. A expectativa é que o novo espaço fortaleça vínculos, amplie oportunidades e contribua para a redução de desigualdades no acesso à educação na Zona Oeste de Santa Maria.
A comunidade segue defendendo o direito à moradia digna e investindo em ações coletivas que buscam melhorar a qualidade de vida dos moradores. Com a escola, a Vila Resistência passa a incorporar mais um equipamento comunitário voltado à inclusão social e ao desenvolvimento do território.