Imagine uma sala de aula onde as crianças estão completamente focadas, olhando para frente e ansiosas para interagir com a aula – não porque foram repreendidas, mas porque o professor acaba de posicionar sobre a mesa um pequeno robô. Ele se apresenta como “Beo, 7 anos, estudante”. Em poucos minutos, começa a interagir com as crianças, fazendo-as refletir sobre diversidade, respeito e inclusão. Enquanto isso, o educador observa e conduz a experiência, garantindo que os objetivos da aula sejam alcançados.
+ Receba as principais notícias de Santa Maria e região no seu WhatsApp
Essa cena não é ficção científica. Foi realidade durante o mês de junho nas escolas públicas de Balneário Gaivota, onde o robô Beo interagiu com cerca de 1,4 mil crianças em oficinas sobre inclusão e combate ao bullying. O que começou como um protótipo para o edital da Pulsar Incubadora, do Parque Tecnológico da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), tornou-se uma ferramenta pedagógica utilizada em escolas e secretarias de educação – e sem gerar tarefas adicionais para os servidores.
“Sou diferente, e daí?”
A base dessa aplicação da robótica em sala de aula foi a cartilha gratuita Sou diferente, e daí?, escrita por Aline Campos, que é autista e mãe atípica. Além da autora, educadores, pais atípicos e autistas contribuíram para a construção do plano de aula da Qiron Robotics. Essa colaboração trouxe autenticidade e sensibilidade às atividades, abordando de forma envolvente questões ligadas à inclusão social. Ao longo da aula, o Beo proporcionou às crianças muito mais do que conteúdo: estimulou um espaço para que compartilhassem suas próprias experiências, suas visões de mundo e sua espontaneidade.
Essa proposta pedagógica utiliza a robótica social para criar conexões e estimular valores fundamentais em crianças de 5 a 12 anos – fase em que princípios de convivência e respeito estão em plena formação. Durante a aula, o robô Beo narra uma história baseada na cartilha, promove diálogos e guia atividades práticas. Dessa forma, as crianças vivenciam, de maneira lúdica, conceitos como inclusão e respeito às diferenças. A capacidade do robô de proporcionar interação foi fundamental para o desenvolvimento do senso de empatia e emoção nos estudantes.
Expansão e visão de futuro
Antes mesmo dos workshops sobre inclusão em Santa Catarina, o Beo já havia encantado estudantes na nossa região, por meio de uma parceria com a educadora e idealizadora do Porão Criativo, Greice Noro. Em cinco municípios gaúchos, o robô auxiliou crianças no reconhecimento das emoções e incentivou jovens ao empreendedorismo criativo. Agora, com os resultados positivos, o objetivo é levar a robótica social a mais escolas e ampliar a gama de temas abordados, potencializando o impacto social. O compromisso da Qiron Robotics é claro: usar a robótica como aliada na construção de uma sociedade mais humana.