Foto: Vinicius Becker
Campanha coroou o acesso à primeira divisão estadual após 14 anos

Após 14 anos na Divisão de Acesso, o Inter-SM encerrou 2025 com o principal objetivo esportivo da temporada alcançado: o retorno à elite do futebol gaúcho. O acesso coroou um ano marcado por instabilidade administrativa no início, decisões estratégicas fora de campo e uma campanha consistente dentro das quatro linhas.
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Início incerto
O começo de 2025 foi um dos períodos mais delicados da história recente do Inter-SM. A derrota para o Pelotas, na semifinal de 2024, somada ao desgaste acumulado ao longo dos anos na Divisão de Acesso, gerou dúvidas sobre a continuidade da gestão. O presidente Pedro Della Pasqua chegou a considerar deixar o comando do clube, cenário que, à época, colocava o Inter-SM próximo de um licenciamento junto à Federação Gaúcha de Futebol (FGF).
Em entrevista ao Diário após a conquista do acesso, Della Pasqua relembrou o momento vivido no início do ano.
– Foi um momento difícil, um momento de uma depressão profunda, por causa da derrota contra o Pelotas. Foi um momento que as pessoas desconfiaram de mim, do nosso trabalho, da nossa capacidade. É normal, o futebol é assim. A minha gestão estava terminando, eu não estava abandonando o clube, mas eu não me sentia com forças para dar sequência – afirmou o presidente.
Sem candidatos nas primeiras tentativas de eleição, o dirigente estendeu o mandato e passou a trabalhar para garantir a sobrevivência do clube.
– No dia 3 de janeiro, nós tínhamos apenas dois patrocinadores. No dia 15, já eram 22. Eu vendi a narrativa de que o clube ia fechar – completou. Com a decisão de permanecer no cargo, Della Pasqua foi determinante para a continuidade do projeto esportivo.

A escolha do treinador
Com a definição administrativa, o Inter-SM voltou as atenções para o futebol. No dia 10 de fevereiro, o clube anunciou Bruno Coutinho como treinador para a temporada. Campeão da Divisão de Acesso de 2024 pelo Monsoon, o técnico chegava a Santa Maria após divergências com a diretoria do clube.
Na apresentação oficial, Coutinho destacou o peso da camisa alvirrubra e o desafio de recolocar o clube na elite estadual.
– Foi muito fácil aceitar esse projeto, essa missão aqui no Inter-SM, que é a equipe a ser batida. Não podemos esconder que, dentro da Divisão de Acesso, nós seremos a equipe a ser batida. É um clube que carrega o nome da cidade no escudo, distintivo, então carrega muito mais peso. É um time que está carente de uma boa temporada e eu me refiro sempre à elite do futebol gaúcho – disse, na época.

A construção
Dentro de campo, o Inter-SM apresentou regularidade desde o início da competição. A estreia, em 17 de maio, foi com vitória convincente por 2 a 0 sobre o Lajeadense, no Estádio Presidente Vargas, em um jogo que simbolizou a força do time como mandante ao longo da campanha vitoriosa.
Na primeira fase, o Alvirrubro sofreu apenas uma derrota, diante do Aimoré, fora de casa, na 10ª rodada. Empates importantes longe de Santa Maria e vitórias decisivas na Baixada garantiram pontuação suficiente para manter o clube entre os primeiros colocados durante toda a fase classificatória.
O aproveitamento em casa foi um dos diferenciais da campanha. O Inter-SM venceu confrontos contra Esportivo, Gaúcho, Santa Cruz, Novo Hamburgo e União Frederiquense, além de empatar apenas uma vez como mandante.
Classificado, o Inter-SM teve o Bagé como adversário nas quartas de final. Após empate sem gols no Estádio da Pedra Moura, a decisão ficou para Santa Maria. No Presidente Vargas, o time de Bruno Coutinho resolveu cedo: Wilson Júnior marcou com menos de um minuto de jogo, e Mateus Santana ampliou na etapa final, garantindo a vitória por 2 a 0, a vaga na semifinal e, assim como em 2024, uma decisão pelo acesso pela frente.

O acesso
O retorno do Inter-SM à Série A do Gauchão foi confirmado na tarde de 17 de agosto, no Estádio Presidente Vargas. Depois da vitória por 2 a 1 sobre o Veranópolis no jogo de ida, fora de casa, a equipe santa-mariense precisava apenas de um empate para garantir o acesso. Mesmo com a vantagem, o time treinado por Bruno Coutinho adotou postura ofensiva desde os primeiros minutos, empurrado por uma Baixada que precisou até mesmo de arquibancadas móveis para acomodar a torcida alvirrubra.
Logo no início da partida, o Inter-SM teve a chance de encaminhar o resultado. Aos dois minutos e quarenta segundos, Jarro Pedroso invadiu a área e foi derrubado por Iago Cousseau. O árbitro Jean Pierre Lima assinalou pênalti. Na cobrança, Gabriel Morbeck finalizou de perna esquerda, mas o goleiro Lucas Alves defendeu, impedindo a abertura do placar. O lance gerou apreensão nas arquibancadas, mas não alterou o comportamento da equipe dentro das quatro linhas.
Após o pênalti desperdiçado, o confronto seguiu equilibrado por alguns minutos, com o Veranópolis tentando aproveitar o momento para se lançar ao ataque. O Inter-SM, no entanto, retomou o controle da partida ainda no primeiro tempo. Aos 39 minutos, Wilson Júnior cruzou pela direita e Alan Bald apareceu livre para cabecear e marcar o gol que colocou o Alvirrubro em vantagem no placar e ainda mais próximo do acesso.
Na segunda etapa, o Veranópolis buscou pressionar nos minutos iniciais e chegou a levar perigo em cruzamento rasteiro que passou próximo ao gol defendido por Rafael Copetti. A resposta do Inter-SM veio rapidamente, com chegadas de Wilson Júnior e Jarro Pedroso e novas bolas levantadas na área adversária. Alan Bald ainda teve outra oportunidade em cobrança de falta desviada, novamente defendida pelo goleiro.
Nos minutos finais, o Veranópolis acertou a trave, em um dos últimos lances de perigo da partida. Logo depois, o Inter-SM quase ampliou, em finalização que passou raspando o poste. O apito final confirmou a vitória por 1 a 0 e selou o retorno do clube à elite do futebol gaúcho após 14 anos na segunda divisão do Estado.

A festa
Assim que o árbitro encerrou o jogo, a torcida invadiu o gramado do Estádio Presidente Vargas para comemorar junto com jogadores, dirigentes, funcionários e comissão técnica
Em um cenário de arquibancadas cheias e clima de alívio, o acesso foi celebrado como a superação de um longo período de frustrações e tentativas frustradas. O momento marcou não apenas o fim da campanha, mas também o encerramento de um ciclo do clube fora da primeira divisão estadual.
A alegria do acesso não cessou mesmo após o vice-campeonato para o Novo Hamburgo. E se depender da torcida alvirrubra, o apoio continuará ainda mais presente na Série A.
