Foto: Reprodução
A equipe Taura Bots, vinculada ao Centro de Tecnologia (CT) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), conquistou o terceiro lugar na categoria Small Size League/Entry Level (SSL) da Competição Brasileira de Robótica (CBR) 2025, realizada em outubro, em Vitória (ES). A CBR é a etapa nacional da RoboCup, um dos maiores eventos de robótica do mundo, e reúne projetos universitários de todas as regiões do país. O resultado marca a retomada e o crescimento da equipe, que há mais de uma década desenvolve tecnologias e forma estudantes em diversas áreas da robótica.
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Criada em 2013, a Taura Bots nasceu com o propósito de aplicar conhecimentos dos cursos de tecnologia em projetos de robótica competitiva. Inicialmente focada no futebol de robôs humanoides, ampliou sua atuação para outras modalidades – de carros autônomos a tiro com arco, modalidade em que chegou a ser campeã mundial. A pandemia provocou um período de pausa, mas o grupo foi reconstruído e retomou as atividades no início de 2024, já com o objetivo de retornar às competições.
Atualmente coordenada pelo professor Anselmo Rafael Cukla, do Departamento de Processamento de Energia Elétrica, a equipe reúne cerca de 20 estudantes de cursos como Engenharia de Controle e Automação, Engenharia da Computação, Ciência da Computação, Sistemas de Informação e Engenharia Aeroespacial. Organizados em subequipes de mecânica, eletrônica, software e comunicação, os integrantes atuam no desenvolvimento de robôs para as categorias SSL, VSSS e também de drones autônomos.
Robôs que jogam futebol sozinhos

A categoria Small Size League/Entry Level consiste em partidas de futebol disputadas por três robôs autônomos de cada time. Os pequenos veículos, capazes de se deslocar, driblar e chutar a bola, são guiados por um sistema de visão computacional. Uma câmera posicionada acima do campo identifica a movimentação dos robôs e da bola, enquanto um software interpreta essas informações e envia comandos por rádio. Conforme explicado pelos integrantes, durante o jogo não há interferência humana, ou seja, os robôs jogam sozinhos.
A dinâmica exige precisão técnica e estratégia. Dois tempos de cinco minutos, regras de faltas, substituições e time out tornam a disputa semelhante ao futebol tradicional. A diferença está no desafio de integrar visão computacional, tomada de decisão e controle de movimento em tempo real, ajustando o desempenho dos robôs às condições do campo.
– Aprendemos a não desistir no primeiro problema. Precisamos confiar no trabalho que fizemos – afirma Gabriel Niederauer, capitão da equipe e estudante de Engenharia de Controle e Automação. Ele enfatiza que a conquista foi resultado da persistência e da capacidade de corrigir falhas rapidamente entre uma rodada e outra.
A integrante Maria Rita Piekas destaca a evolução do time ao longo do campeonato:
– A gente perdeu o primeiro jogo e depois fomos até o final. Focamos em consertar os pontos fracos e, desse momento em diante, ganhamos todas as partidas – declara.
A categoria Entry Level contou com nove universidades de diversos estados. A Taura Bots avançou até a semifinal, onde enfrentou o time favorito da competição. Apesar de não avançar à final, garantiu o terceiro lugar após vencer os confrontos finais.
Formação interdisciplinar e reconstrução da equipe
Além das competições, a história da Taura Bots inclui intercâmbios com laboratórios na Alemanha, participações em eventos internacionais e apresentação de pesquisas em congressos, como a Jornada Acadêmica Integrada (JAI) e o Simpósio Brasileiro de Robótica. Os trabalhos envolvem desde drones autônomos até estruturas mecânicas desenvolvidas pela própria equipe.
A reconstrução recente exigiu que os estudantes projetassem novos robôs totalmente do zero, o que reforçou a integração entre os cursos e ampliou o caráter formativo.
O laboratório também serve como suporte para disciplinas dos cursos de engenharia e computação, oferecendo infraestrutura para que os estudantes consigam vivenciar na prática os conteúdos teóricos.
Parcerias e financiamento
A equipe conta com apoio da UFSM para deslocamentos e inscrições, mas não recebe financiamento direto para construir os robôs. Por isso, depende de parcerias com empresas e do uso eficiente do laboratório. Atualmente, SolidWorks, Allegro e tecnologias da Nvidia apoiam o projeto com licenças de software, componentes eletrônicos e unidades de processamento – recursos considerados essenciais para a qualidade técnica dos robôs.
Próximos passos
Após subir no pódio em Vitória, a Taura Bots planeja aprimorar seus robôs da categoria SSL/Entry Level. O foco principal para 2026 é aumentar a velocidade dos equipamentos, considerada baixa para competições mais avançadas. Para isso, será necessária uma reformulação do projeto mecânico e eletrônico.
Com os robôs funcionando de forma estável, os integrantes avaliam que o desenvolvimento será mais rápido e eficiente no próximo ciclo, já que agora é possível testar melhorias diretamente no campo, e não apenas em simuladores ou módulos separados.
A evolução dos protótipos, os bastidores da preparação e as futuras competições podem ser acompanhados no Instagram da equipe: @taurabots.