Marcelo Mendes Arigony deixou a cadeira que ocupava como informante, diante do juiz Ulysses Fonseca Louzada, às 13h59min, quase quatro horas depois de ter começado o depoimento à Justiça Estadual, na manhã desta sexta-feira, no Fórum de Santa Maria. O delegado responsável pela investigação do incêndio na boate Kiss, que matou 242 pessoas e deixou mais de 600 feridas, respondeu a dezenas de perguntas referentes ao inquérito policial.
Arigony foi sabatinado por três horas por Jader Marques, defensor de Elissandro Spohr, o Kiko, um dos donos da boate na época. Respondeu aos questionamentos do advogado sobre apontamentos feitos aos bombeiros, aos servidores públicos municipais e ao prefeito Cezar Schirmer. A imputação de responsabilidade a mais pessoas faz parte da tese da defesa de Kiko desde o início do processo.
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Outro ponto bastante discutido foi o da classificação do crime como dolo eventual (quando a pessoa age assumindo o risco de provocar a morte) e não culposo (quando não intenção de matar) no indiciamento. O delegado manteve a conclusão do inquérito quanto ao dolo e quanto aos apontamentos de servidores e bombeiros:
Ratifico o que fizemos no inquérito. A Polícia Civil deve indiciar se houver indícios de autoria, critério diferente do que o Ministério Público utiliza para a denúncia. Na nossa fase, fizemos o que entendemos certo no tempo que tivemos. Se tivéssemos mais tempo, teríamos apontado muito mais coisas.
Arigony respondeu ainda às perguntas dos defensores de Mauro Hoffmann, outro sócio da boate e réu no processo, e de Marcelo de Jesus dos Santos, vocalista da Banda Gurizada Fandangueira, único dos quatro réus presente na sessão. O advogado do produtor de palco Luciano Bonilha Leão não fez perguntas. O Ministério Público e a Assistência de Acusação fizeram poucos questionamentos.
As audiências seguiram nesta tarde com os depoimentos do deputado estadual Adão Villaverde (PT), propositor da Lei Kiss, e do comandante do 4º Comando Regional dos Bombeiros, tenente-coronel Luis Marcelo Gonçalves Maya.