Foto: Rian Lacerda (Diário)
Moradores e produtores rurais do distrito de Arroio Grande, em Santa Maria, enfrentam dificuldades logísticas para escoar a produção de hortaliças e permanecem parcialmente isolados após as fortes chuvas recentes. Na manhã desta terça-feira (30), agricultores da localidade dos Fernandes precisaram realizar o transbordo manual de mercadorias através do leito do rio para garantir o abastecimento na cidade.
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Cinco dias após as chuvas que caíram ainda no Natal, a forte correnteza na passagem molhada impede o tráfego de veículos na região. Para não perder a produção armazenada em câmaras frias, os agricultores levaram os produtos até a margem do arroio, onde realizaram a "baldeação" para um caminhão que leva até ao outro lado, viabilizando o transporte até a feira que fica na Praça do Caridade.
Apoio comunitário e improviso
A casa do agricultor aposentado Renato Fernandes, 63 anos, serve como uma base de apoio para os veículos antes da passagem molhada. Ele relata o esforço coletivo para salvar a produção e o susto com a subida súbita das águas na véspera de Natal, que isolou até quem participava de festividades.
– Ficou todo mundo empenhado. Tinha que entregar, estava tudo dentro da câmara fria. Ninguém esperava, foi na véspera do Natal. Teve quem ficou de festa até as 4h e não passou mais – relata Fernandes.
A filha do agricultor reside após o ponto isolado. Para restabelecer a travessia de pedestres, os moradores construíram uma nova pinguela em um ponto mais elevado do rio, já que a estrutura anterior, erguida no segundo semestre, foi levada pela enxurrada.
Medidas provisórias
A Defesa Civil esteve no local na manhã desta terça e afirmou que está distribuindo alimentos e medicamentos. Um caminhão pipa se deslocava ao distrito para atender as necessidades. O subprefeito do distrito estima que cerca de 10 famílias enfrentem problemas de acesso nos Fernandes e outras 15 sigam isoladas na região do Arroio Lobato.
Embora a prefeitura tenha comunicado a liberação do acesso na localidade dos Fernandes, a reportagem constatou no local que, na manhã de terça-feira, as equipes da Defesa Civil não conseguiram atravessar o trecho e as famílias continuam enfrentando problemas de deslocamentos.
Segundo o subprefeito, uma carga de pedras será colocada para permitir a passagem provisória. Enquanto as novas pontes projetadas para o distrito não são concluídas, a administração planeja instalar uma "pranchada" (estrutura de concreto mais baixa) para melhorar a trafegabilidade.
Ao todo, são nove pontes caídas apenas no distrito de Arroio Grande em função das enchentes de maio de 2024. Em agosto deste ano, o Diário mostrou os desafios que os moradores vivem a cada nova chuva. Um dos principais problemas apontados é o desassoreamento dos rios, que ficam cada vez mais rasos e largos, causando alagamentos recorrentes que acabam destruindo as pontes.
Quando a reportagem foi publicada, a prefeitura de Santa Maria disse em nota que o serviço nunca parou e tem sido intensificado desde as fortes chuvas de maio. Contudo, ressaltou que quando os entulhos se encontram em área privada, a responsabilidade pela limpeza é do proprietário do terreno. O Executivo não informou se há algum plano para ajudar aqueles que não conseguem fazer este trabalho.