Como proteger dados pessoais durante viagens e evitar golpes digitais nas férias de verão

Como proteger dados pessoais durante viagens e evitar golpes digitais nas férias de verão

Foto: Vinicius Becker (Diário)

Com a chegada do recesso de fim de ano e o aumento das viagens típicas do período entre Natal e Ano Novo, cresce também a exposição a golpes digitais, fraudes eletrônicas e crimes envolvendo roubo de dados pessoais. O uso de redes Wi-Fi públicas em aeroportos, hotéis e cafés, pagamentos por Pix, QR Codes e cartões virtuais, além da intensa movimentação em ambientes digitais, cria um cenário favorável para a atuação de criminosos. Em Santa Maria, a Polícia Civil alerta que os crimes virtuais já representam uma parcela significativa das ocorrências registradas diariamente.


+ Receba as principais notícias de Santa Maria e região no seu WhatsApp

De acordo com a Delegacia do Idoso e Combate à Intolerância, a DPICOI, quase 40% dos registros, atualmente, estão relacionados a estelionatos e fraudes digitais. Embora esses crimes não estejam necessariamente ligados a grandes eventos ou períodos específicos, a delegada Débora Dias reforça que a falta de educação digital e a desatenção em situações de lazer e deslocamento acabam facilitando a ação dos golpistas.


– O que nós temos hoje são diversos crimes cibernéticos, incluindo o estelionato, que no caso é chamado de fraude eletrônica. O estelionato previsto no artigo 171 do Código Penal tem a pena de um a cinco anos de reclusão. Se ele for cometido no ambiente virtual, redes sociais, e-mails ou via telefone, a pena é de quatro a oito anos. Ainda, se for contra pessoa idosa ou vulnerável, a pena pode ser aumentada de um terço – explica a delegada.


Fraudes digitais e o cenário em Santa Maria

Segundo a Polícia Civil, houve dois momentos de crescimento expressivo dos crimes cibernéticos nos últimos anos. O primeiro durante a pandemia, quando o isolamento social levou a população a depender ainda mais da internet. O segundo ocorreu após a implementação do Pix, que trouxe agilidade às transações financeiras, mas também abriu novas brechas para golpes cada vez mais sofisticados.


Nesse cenário, alguns tipos de fraude passaram a se repetir com frequência nas delegacias. Entre os golpes mais comuns, estão o do falso perfil no WhatsApp, que circula há mais de cinco anos, o golpe do falso advogado, compras em sites falsos, fraude na compra e venda de veículos com simulação de pagamento e o chamado “falso Pix”. Apesar de conhecidos, esses golpes continuam fazendo vítimas diariamente.


– As pessoas continuam sendo vítimas. Os golpes se repetem porque os criminosos utilizam a engenharia social, ou seja, usam técnicas de manipulação psicológica para obter informações, explorando vulnerabilidades humanas como confiança, medo ou curiosidade – acrescenta.


Como a lei trata os crimes virtuais

Além do estelionato eletrônico, a legislação brasileira também prevê mecanismos de proteção aos dados pessoais, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). No entanto, conforme explica a delegada, a responsabilização criminal dos golpes virtuais ocorre principalmente pelo enquadramento no artigo do estelionato. Em casos de clonagem de cartão, por exemplo, há uma regra específica que define onde a investigação deve ocorrer.


– A clonagem de cartão é fraude eletrônica. A lei trata da seguinte forma: o local do domicílio da vítima é o local para investigação. Por isso, a grande maioria das investigações da Dpicoi localiza estelionatários de outros estados. Já fizemos operações policiais em São Paulo, Cuiabá, Santa Catarina, Ceará, porque eles cometem os golpes em vítimas de Santa Maria, mas estão em outros estados – relata.


Essa característica dos crimes digitais faz com que investigações ultrapassem fronteiras estaduais, exigindo integração entre forças policiais e reforçando a importância do registro de ocorrência para dar início ao processo.


A importância do registro de ocorrência

Ao perceber que caiu em um golpe, a orientação da polícia é agir rapidamente, mas com medidas adequadas a cada situação. Em casos de fraude com cartão, o consumidor tem direito ao estorno, desde que comunique a administradora assim que identificar a irregularidade. O registro da ocorrência policial é fundamental tanto para a investigação quanto para a proteção da vítima.


– Sempre é importante o registro de ocorrência policial, mas as orientações dependem muito do tipo de golpe. Se o cartão foi clonado, o que deve ser feito de imediato é contestar a compra junto à administradora do cartão e depois registrar a ocorrência. O mais importante é a prevenção. As pessoas não devem ter pressa em responder mensagens e jamais fazer pagamentos via Pix na urgência criada pelo criminoso, como ocorre no golpe do falso perfil do WhatsApp – orienta Débora Dias.


Os erros mais comuns

Do ponto de vista da segurança da informação, o CEO da Level Tecnologia, Ricardo Mânica, explica que a maioria dos golpes ocorre por uma soma de pequenos descuidos no dia a dia digital. ​Entre os erros mais comuns estão clicar em links suspeitos enviados por e-mail, SMS ou WhatsApp, acreditar em ofertas irresistíveis, reutilizar senhas fracas, ignorar atualizações de sistemas e aplicativos, conectar-se a redes Wi-Fi públicas desprotegidas e baixar aplicativos fora das lojas oficiais.


– Atualizações de sistemas operacionais e aplicativos não são somente para melhorias da plataforma ou usabilidade. Elas são itens essenciais para a segurança, mantendo os dispositivos com as últimas correções disponíveis – destaca.


O uso de antivírus, muito comum em computadores e notebooks no passado, também segue sendo uma ferramenta relevante. Segundo Mânica, a diversidade de formas de ataque torna a proteção dos dispositivos ainda mais necessária:


– Mais do que nunca. Os ataques cibernéticos hoje têm origem em diversas fontes, como rede, USB, e-mail, Wi-Fi, WhatsApp. No final das contas, o destino é sempre o dispositivo. Se ele não estiver utilizando um antivírus de última geração, chamados de endpoints, a infecção fica muito mais fácil – alerta.


Transações em viagens

Durante viagens, o uso frequente de aplicativos bancários e meios de pagamento digitais exige cuidados adicionais. Para Mânica, pequenas escolhas no dia a dia fazem grande diferença na redução dos riscos.


– Dê preferência ao 4G ou 5G, evite redes Wi-Fi públicas desprotegidas, utilize somente aplicativos de banco das lojas oficiais, mantenha permissões mínimas, configure limites de transação, tenha cuidado redobrado com QR Codes e links Pix e nunca utilize dispositivos com jailbreak ou root – orienta.


O uso de Wi-Fi público em aeroportos, hotéis e cafés é um dos principais riscos durante viagens. Segundo o especialista, ataques do tipo “man-in-the-middle” permitem que criminosos interceptem dados sem que a vítima perceba. Além disso, redes falsas com nomes semelhantes aos oficiais são comuns.


– Um atacante se posiciona entre você e o destino da sua conexão, intercepta todo o tráfego de dados, podendo roubar credenciais, informações financeiras e até injetar conteúdo malicioso – explica.


Outra forma de proteção é optar por cartões virtuais, considerados, segundo o especialista, mais seguros do que os físicos no caso de compras online.


– Ao usar um cartão virtual, você não expõe os dados do cartão físico principal. Muitos cartões virtuais têm número, código de segurança e validade únicos para uma única transação ou por período limitado – afirma Mânica.


Prevenção é a principal ferramenta

Para quem vai viajar, a orientação da Polícia Civil é manter os mesmos cuidados adotados no cotidiano, com atenção redobrada em ambientes digitais e na exposição de informações pessoais.


– Não compartilhar dados pessoais de forma aberta em redes sociais, verificar valores antes de pagar em máquinas de cartão, desconfiar de ofertas extremas, evitar redes públicas, usar VPN quando necessário, não divulgar atualizações em tempo real e acompanhar extratos bancários e de cartão – reforça a delegada.


Entre as principais dicas estão:

  • Não fornecer nem confirmar dados pessoais.
  • Jamais clicar em links enviados por mensagens ou e-mails.
  • Desligar o telefone se alguém se passar por policial, banco ou autoridade.
  • Evitar redes Wi-Fi públicas para acessar aplicativos bancários.
  • Usar senhas fortes e autenticação de dois fatores.
  • Não participar de chamadas de vídeo com desconhecidos.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Chuva causa bloqueio na ERS-348 em Faxinal do Soturno Anterior

Chuva causa bloqueio na ERS-348 em Faxinal do Soturno

Inmet emite três alertas de tempestade para o RS até a noite desta quinta Próximo

Inmet emite três alertas de tempestade para o RS até a noite desta quinta

Geral