Foto: Rafael Menezes
A situação das ferrovias gaúchas, que já são dramáticas devido ao abandono de trechos nas últimas décadas e à destruição pela enchente de maio de 2024, agora fica ainda pior. O Sindicato dos Ferroviários do Rio Grande do Sul (Sindifergs) divulgou fotos do trabalho de retirada dos trilhos de trechos na Serra gaúcha, na cidade de Santa Tereza, nos últimos dias. É isso mesmo: a Rumo Logística está destruindo trechos de ferrovia e levando os trilhos embora do Rio Grande do Sul.
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– Além disso, algumas locomotivas, a Rumo está deixando só a carcaça aqui no depósito de Canoas. A princípio, com autorização da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) – diz o presidente do Sindifergs, João Calegari.
A Rumo admitiu que está transferindo materiais de estradas de ferro do Rio Grande do Sul para trechos em operação em Santa Catarina, mesmo que depois precise indenizar a União. O trecho inicial concedido à então concessionária Sul Atlântico, em 1997, era de 3.823 quilômetros no Estado. Antes da enchente de 2024, eram 1.680 quilômetros em operação e, após a calamidade, passou para 921 quilômetros. A principal linha em operação é entre Cruz Alta-Santa Maria-Rio Grande. Já as três ferrovias que saem de Porto Alegre para Santa Maria, Passo
Fundo e Santa Catarina tiveram pontos destruídos pela enchente, mas a Rumo disse que não tinha interesse em recuperá-los – a menos que haja renovação da concessão.
Agora, essa retirada de trilhos na Serra é só mais um preocupante capítulo do desmonte das ferrovias gaúchas. O temor é ainda maior em relação ao futuro. É que o governo federal contratou a estatal Infra SA para fazer estudos de como seria o leilão para que empresas assumam as ferrovias nos três Estados do Sul a partir de 2027, quando acaba a concessão para a Rumo.
O Ministério dos Transportes dá a entender que a tendência é ser realizado o leilão, mas possivelmente quem vencer não ficaria com as ferrovias nos três Estados do Sul. Seriam três leilões: um para o trecho entre os portos de Paranaguá (PR) e São Francisco do Sul (SC); outro ligando o Norte e o Oeste do Rio Grande do Sul ao porto de Rio Grande; e um terceiro ligando São Paulo a Uruguaiana. Porém, o martelo só será batido após a conclusão dos estudos, definindo se haverá negociação para renovar com a Rumo ou fazer os leilões e de quais trechos.
Outra incógnita é quem ficará responsável por reconstruir as ferrovias destruídas pela enchente. O ministério disse que a Rumo teria um seguro para cobrir essas obras de reconstrução, mas não deu detalhe nenhum. Não informou que valor seria nem como as ferrovias seriam reconstruídas. É tudo nebuloso demais, até porque a Rumo já disse que não quer reconstruir nada, sem uma renovação do contrato de concessão.
O Sindifergs teme que, com esse fatiamento da ferrovia, não haja interessados nos leilões e até o trecho em operação atualmente (Cruz Alta-Santa Maria-Rio Grande) acabe ficando sem trens com a saída da Rumo.
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