Foto: Eduardo Ramos ( arquivo Diário)
Em alusão ao Dia da Consciência Negra, celebrado nesta quinta-feira (20), o Museu Treze de Maio realiza uma programação especial ao longo desta semana, reforçando o compromisso com a preservação da memória negra e a promoção da luta antirracista em Santa Maria.
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A agenda começou no último domingo, com a abertura da exposição “Coletividades Negras: Convergências Entre Ancestralidade e Contemporaneidade”, que integra as ações do Novembro Negro. A mostra reúne trabalhos de jovens artistas negros da cidade, vinculados ao Ateliê Griô e ao movimento Arte Negra em Movimento, valorizando expressões culturais que dialogam com ancestralidade e produções contemporâneas.
A exposição está disponível para visitação mediante agendamento prévio. Além disso, o Museu permanece aberto nas terças e quintas à tarde e aos sábados durante todo o dia, oferecendo visitas guiadas que apresentam a história do Treze de Maio e sua ligação com a trajetória da população negra do município.
Segundo o diretor do museu, João Heitor Silva Macedo, outras ações estão previstas para os próximos dias, entre elas a Noite Antirracista, que será anunciada oficialmente em breve.
– O Museu Treze de Maio é um museu vivo. Não trabalhamos apenas com exposições, história ou patrimônio. Temos oficinas diárias de capoeira, dança, arte, pesquisa e educação. Na Noite Antirracista vamos mostrar um pouco de tudo que ocorre aqui dentro – explica.
Agendamentos podem ser feitos pelas redes sociais, especialmente via Instagram, ou pelo site museu13demaio.com, que está sendo atualizado com nova identidade visual e informações sobre atividades e horários.
Luta antirracista

Durante a entrevista, Macedo destacou que o Dia da Consciência Negra é um convite à reflexão sobre o racismo estrutural, que, segundo ele, segue presente nas instituições e no cotidiano de crianças, jovens e adultos negros.
– Se, em 2025, ainda precisamos debater racismo no Brasil, é porque o problema é muito grave. Trata-se de um racismo estrutural, institucional e psicológico, que atravessa gerações. Discutir consciência negra é reconhecer que a abolição foi inacabada – afirma.
O diretor também mencionou experiências pessoais e profissionais que evidenciam como a violência simbólica e a falta de representatividade ainda afetam estudantes negros, muitas vezes levando ao silenciamento ou à evasão escolar.
Para ele, o Museu Treze de Maio funciona como espaço de acolhimento, formação e resistência:
– A luta antirracista passa por gerar pertencimento. Aqui, nossos bolsistas, monitores e artistas ajudam a construir diariamente um lugar de afirmação e memória – declarou.
História do Museu Treze de Maio

O Museu Treze de Maio é herdeiro direto do Clube Social Negro, fundado em 1903 por ferroviários negros como Sociedade Cultural Ferroviária Treze de Maio. O local foi, por décadas, um dos principais pontos de sociabilidade, articulação política, cultura e lazer da comunidade negra de Santa Maria.
Após um longo processo de mobilização, o prédio foi transformado em museu comunitário no início dos anos 2000, mantendo viva a história da ancestralidade africana no município e homenageando gerações de trabalhadores que enfrentaram discriminação e segregação racial.
Hoje, o Treze de Maio é reconhecido como um espaço de memória, cultura e formação, que conecta passado e presente por meio de oficinas, exposições, atividades educativas e ações de valorização da identidade negra.