Após suspensão do reajuste das tabelas do IPE Saúde, hospital de Santa Maria decide manter cirurgias eletivas

Após suspensão do reajuste das tabelas do IPE Saúde, hospital de Santa Maria decide manter cirurgias eletivas

Foto: Marcelo Oliveira (Arquivo/Diário)

A reestruturação do IPE Saúde voltou a ser pauta em 2024. Após uma decisão judicial, foi suspensa a aplicação das novas tabelas de remuneração de medicamentos, diárias e taxas de serviços do plano para 13 hospitais gaúchos. A liminar foi concedida na tarde de segunda-feira (1º) pela juíza Marilei Lacerda Menna, da 7ª Vara da Fazenda Pública do Foro Central de Comarca Porto Alegre.

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Assinado também pela Federação RS e a Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Rio Grande do Sul (Fehosul), o pedido baseia-se na estimativa de prejuízos que as atualizações gerariam aos hospitais, que atualmente atendem cerca de 60% da demanda do plano dos servidores públicos do Rio Grande do Sul. 

Segundo estudos das federações, os valores ultrapassariam R$ 150 milhões por ano.Entre as instituições contempladas pela decisão, está o Complexo Hospitalar Astrogildo de Azevedo, de Santa Maria.

Liminar

Atualmente, os 13 hospitais contemplados pela liminar atuam com procedimentos de alta complexidade. Para o grupo, as novas tabelas poderiam representar de 7% a 41% de prejuízo ao ano, segundo as federações. Em entrevista à Rádio CDN na manhã de terça-feira (2), o provedor do Complexo Hospitalar Astrogildo de Azevedo, Walter Jobim Neto, falou sobre a situação:

– Os hospitais maiores se posicionaram, no sentido de interromper os atendimentos. Nós estávamos prontos para suspender todas as cirurgias eletivas (procedimentos com agendamento prévio) em um primeiro momento ontem (segunda-feira). Mas com a notícia da liminar, não seguimos com a decisão e o Complexo continua funcionando normalmente com o IPE.

Crise à vista

Jobim Neto reforça que, caso a liminar seja suspensa, além das cirurgias eletivas, todo o atendimento aos usuários do plano IPE Saúde será cancelado. Segundo o provedor, a instituição já lida com o descredenciamento de médicos do plano na área de cirurgia cardíaca.

Atualmente, o Complexo Hospitalar realiza 101 mil atendimentos pelo IPE Saúde por ano. Caso as novas tabelas fossem aplicadas, o prejuízo estimado seria de R$ 68,4 milhões. Embora a paralisação dos serviços possa representar uma perda significativa de receita, a instituição pretende lutar.

– Mais de 50% dos atendimentos do Astrogildo de Azevedo é IPE. O resto é Unimed. Ou seja, a nossa principal fonte de renda é o IPE. Mas não vamos permitir que nos levem à falência – afirma provedor.

Jobim Neto alega que o hospital tem outras receitas, como o aluguel de salas na Policlínica Wilson Aita e o estacionamento, mas que isso não seria suficiente para cobrir o rombo provocado pelo IPE por muito tempo.

 Novas tabelas

As novas tabelas fazem parte do plano de reestruturação do IPE, iniciado ainda em 2023. Segundo a instituição, “o novo modelo se baseia na premissa de remuneração dos serviços e ressarcimento de medicamentos e insumos – que, segundo a legislação, não devem gerar lucro para os hospitais”. 

Neste caso, a proposta do IPE é realocar as diferenças de valores para o reajuste de serviços, resultando em um aumento de 90% no repasse. Os primeiros encontros com hospitais credenciados para tratar sobre as mudanças ocorreram em novembro do ano passado.

Na tarde de terça-feira, o IPE Saúde emitiu uma nota de posicionamento sobre a liminar, alegando que irá recorrer da decisão. Atualmente, cerca de 1 milhão de usuários utilizam o plano, sendo 27 mil só em Santa Maria.


O que dizem as federações de hospitais

Conforme nota divulgada pela Federação RS e a Fehosul, “a decisão do Judiciário é de suma importância para garantir o atendimento dos pacientes, mantendo serviços como emergência adulta e pediátrica, tratamento do câncer, cirurgias cardíacas, neurocirurgias, transplantes, gestações de alto risco, neonatologia, UTIs, além de outros exames e procedimentos especializados. Além disso, preserva a sustentabilidade dos hospitais e, representa, na prática, uma oportunidade para o Governo Estado estabelecer, de fato, um caminho viável para todos os envolvidos, beneficiando os milhares de segurados do IPE Saúde”.

O que diz o IPE Saúde
“Sobre a suspensão da entrada em vigor do novo modelo de remuneração, é importante destacar que se trata de uma decisão liminar e que envolve apenas 13 instituições. As outras 229 entidades hospitalares credenciadas estão de acordo, e muitas delas tem cobrado a implantação da melhoria. 

O Instituto salienta que vai recorrer da decisão liminar através da Procuradoria-Geral do Estado. O IPE Saúde tem convicção de que, quando o mérito da questão for analisado, o judiciário será a favor da implantação do novo modelo e da consequente correção da distorção histórica na forma de pagamento do Instituto. Seguindo a legislação e os apontamentos dos órgãos de controle, o IPE Saúde dará mais um passo na reestruturação do plano, buscando a sustentabilidade do sistema e o aperfeiçoamento da assistência à saúde dos gaúchos”


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