Muito se fala que os problemas de ansiedade são mais comuns hoje em dia. De fato, uma pesquisa recente, publicada na revista Depression and Anxiety, analisou a situação global de 1992 a 2021 e revelou que os transtornos de ansiedade estão em ascensão. O estudo observou um efeito da geração em que a pessoa nasceu: nascidos a partir da década de 1980, especialmente no Ocidente, mostram um risco maior de desenvolver problemas de ansiedade ao longo da vida. Isso significa que as gerações de pessoas com 44 anos ou menos estão mais expostas a fatores de risco que causam a ansiedade, como maiores dificuldades de acesso a crédito, maior exigência de nível educacional, menores oportunidades de trabalho com boa remuneração, entre outros. Este fenômeno foi observado nas américas e Europa, mas não foi observado na China e países do leste asiático, os quais tiveram maior crescimento econômico e de renda neste perído.
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Ocorrência de assassinatos seguidos de suicídio nos EUA e lições para o Brasil
Um estudo recente, publicado na Jama Network Open, investigou a ocorrência de eventos de assassinato-suicídio nos Estados Unidos entre 2016 e 2022. Durante esse período, foram registradas 5.743 mortes relacionadas a esses eventos nos 30 estados analisados, o que representa uma média de 820 mortes por ano. Os resultados apontam que a grande maioria foi praticada por homens (91,6%), predominantemente brancos (70,7%). A arma de fogo foi a forma mais comum de cometer o crime, sendo responsável por 90,7% dos suicídios e 88,9% dos homicídios. Em mais da metade dos casos, o agressor e a vítima tinham uma relação de parceiros íntimos, atuais ou antigos. Os autores concluíram que a incidência desses eventos é maior do que o que se pensava anteriormente e tem tendência de aumento. Para reduzir essas ocorrências, eles sugerem que é fundamental focar em programas de triagem e intervenção para casos de violência doméstica, além de políticas para restringir o acesso a armas de fogo, como ocorre em países europeus, onde a taxa de homicidios e assassinatos seguidos de suicídio é dramaticamente menor.
Cannabis Medicinal: Uma decisão médica ou política?
A decisão do governo americano de recomendar a reclassificação da cannabis gerou um debate intenso. A substância foi reclassificada de uma com alto potencial de abuso e sem uso médico aceito para uma com baixo potencial de abuso e uso médico aceito, como alguns analgésicos. Um artigo recente da revista Jama Psychiatry critica essa recomendação, levantando a questão: foi uma decisão baseada em ciência ou em política? O texto, escrito por Bertha K. Madras e Paul J. Larkin, argumenta que o Departamento de Saúde e Serviços Humanos falhou ao não usar critérios científicos claros. A principal crítica é que o órgão ignorou riscos significativos, como a alta prevalência do transtorno de uso de cannabis, a possibilidade de dependência e as evidências crescentes que ligam a substância ao aumento de casos de esquizofrenia e suicídio. Segundo os autores, a recomendação não levou em conta os efeitos adversos da substância, além de ignorar a incerteza sobre a eficácia dela para, por exemplo, o tratamento de transtornos mentais.