Apostas virtuais podem impactar diretamente cerca de 1 milhão de estudantes que pretendem ingressar em uma faculdade; pesquisa aponta que 33,8% já sentem os reflexos

Os gastos com as apostas online esportivas estão interferindo no início da graduação em uma faculdade particular no país. Isso foi apontado por 33,8% dos apostadores entrevistados na pesquisa O Impacto das Bets 2, de abril de 2025. O levantamento ainda indica que​ 34,4% dos apostadores entrevistados precisarão interromper seus gastos em apostas esportivas para entrar em um curso de nível superior no início de 2026.

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O estudo é da Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (Abmes), realizado em parceria com o instituto de pesquisas Educa Insights. O diretor-geral da Abmes, Paulo Chanan, explicou que o resultado reforça uma tendência de agravamento preocupante dos números, se comparados aos da primeira edição do estudo, publicada em setembro de 2024.

– Isso indica que o fenômeno está se aprofundando e afetando, principalmente, os jovens das classes C e D. Trata-se de uma realidade relativamente nova no Brasil, que ainda carece de amadurecimento por parte da sociedade e de uma regulação mais eficaz por parte do poder público – declarou à Agência Brasil.

Com base no Censo da Educação Superior 2023, a entidade que representa a educação superior particular no Brasil calcula que 986.779 estudantes podem ter impacto direto na graduação, em 2026, como consequência das apostas virtuais.

Consequências 

O estudo mostra que as apostas fazem parte da rotina de metade das pessoas que responderam à pesquisa. Entre eles, a frequência é considerada alta: uma a três vezes por semana. Entre os que apostam nesta frequência, 41%, são da região Sudeste e 40% são do Nordeste. Esse contexto afeta diretamente a saúde financeira, inclusive, para quem já está cursando uma graduação paga. A pesquisa revela que, entre os apostadores entrevistados que já estão no ensino superior, 14% deles atrasaram a mensalidade ou trancaram o curso devido aos gastos em casas de apostas. Entre os que ingressaram na graduação em instituições de ensino superior privadas, 35% dizem que precisarão interromper gastos com apostas online.

Outros impactos

Além do acesso e da permanência no ensino superior serem afetados pelo comprometimento da renda dos apostadores online, o estudo mostra que, em abril de 2025, entre os entrevistados impactados pelos prejuízos causados pelas perdas em apostas:

  • 28,5% já deixaram de frequentar restaurantes, bares ou sair com amigos;
  • 23,6% já deixaram de investir em academia ou atividades físicas/esportes;
  • 20,9% já deixaram de investir em algum curso, idiomas ou outro aprendizado.

Soluções

Embora não se posicione diretamente contra a regulamentação do setor de apostas no Brasil, a Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior defende que é preciso haver limites, controle e políticas públicas de conscientização sobre o tema. Outra solução apontada pela instituição é a realização de campanhas educativas voltadas à conscientização sobre os riscos do uso excessivo de plataformas de apostas, em diversos setores sociais, inclusive em instituições particulares de ensino.

Valor das apostas  

Em setembro de 2024, 30,8% dos entrevistados responderam ter gasto mais de R$ 350 nas bets. Na edição deste ano, este percentual cresceu para 45,3%. Perguntados sobre a recuperação de uma parte ou do valor total já destinado às apostas esportivas, 30,3% dos apostadores, em 2024, não conseguiram reaver os recursos. Enquanto que, em abril de 2024, este índice caiu para 22,9%.

Características da pesquisa 

Ao todo, para esta segunda edição da pesquisa, foram realizadas 11.762 entrevistas entre 20 e 24 de março, para chegar em um volume de 2.317 respostas do questionário completo. Os jovens entrevistados estão na faixa etária entre 18 e 35 anos e são das cinco regiões do país e de todas as classes sociais.

O perfil do apostador se repete, se comparado ao da primeira edição da pesquisa da Educa Insights, de setembro de 2024:

  • 85% são homens;
  • 85% trabalham;
  • 72% têm filhos;
  • 38% são da classe B; e 37%, da classe C;
  • 79% têm como fonte de renda o salário do trabalho;
  • 40% têm entre 26 e 30 anos; 30%, de 31 a 35 anos.

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