com a palavra

Diretor da Fapas fala sobre como se tornou padre e conta detalhes do período em que morou em Roma

Rafael Favero

Foto: Arquivo Pessoal
Como diretor e professor, Padre Gilberto fala na aula inaugural da Fapas, em 2019

Nascido na localidade de Campina Redonda, no município de Espumoso, o padre Gilberto Antônio Orsolin, 58 anos, tem uma vida dedicada a propagar a fé em Deus e a ajudar os mais necessitados. Filho de Vivaldino Orsolin e Itália Maria Lamperti Orsolin, ele participou de diversas missões palotinas pelo mundo e, atualmente, é diretor da Faculdade Palotina de Santa Maria (Fapas). Nesta entrevista, ele compartilha suas memórias e conta como foi a experiência de morar em Roma, na Itália.  

Diário - Quando o senhor descobriu que tinha vocação para ser padre?

Gilberto Antônio Orsolin - Com 15 anos, tive a intuição de que poderia, ao ficar adulto, trabalhar em alguma área na qual pudesse ajudar ao próximo. Pensei até em ser médico, mas a ideia logo deu lugar à minha vocação para ser padre. Antes da decisão, falei com meus pais. Era importante para mim saber o que eles pensavam a respeito de eu seguir o sacerdócio. Com o apoio deles, procuramos um seminário em Vale Vêneto e, em 1977, ingressei como seminarista. Sempre tive o desejo de servir a Deus, a Jesus Cristo e às pessoas.

Foto: Arquivo Pessoal
Em outubro de 2016, o Padre Gilberto teve a grande honra de entregar seu livro pessoalmente ao Papa Francisco

Diário - Quais as principais lembranças que o senhor tem do período em que passou no seminário?

Padre Gilberto - Recordo com saudade do grupo de mais de cem seminaristas, do qual eu fazia parte. Além das celebrações eucarísticas e de toda a espiritualidade, no seminário, tínhamos futebol, piscina e passeios. Enfim, a convivência era muito boa. Por outro lado, os estudos eram bastante puxados. Tínhamos cerca de 15 matérias e, às vezes, levantávamos de madrugada para poder dar conta de tudo. Como já tinha experiência de trabalhar na roça, eu dirigia o trator. Tivemos ótimos padres formadores, irmãos e irmãs. Fiquei três anos no seminário de Vale Vêneto.

Diário - Como o senhor se tornou um missionário?

Padre Gilberto - Depois de terminar o seminário, junto a um grupo de 22 pessoas, fiz o curso de Filosofia e Teologia, no Colégio Máximo Palotino, em Santa Maria. Na metade do curso, em 1982, fui para o noviciado, em Buenos Aires. Noviciado é o período em que nos dedicamos a estudar as obras de São Vicente Pallotti. No mesmo ano, estourou a Guerra das Malvinas e nós não tínhamos os documentos regularizados. Durante um ano, tivemos uma rotina bastante discreta por conta da clandestinidade em que estávamos. Quando voltamos para o Brasil, em 1986, terminei a faculdade. Neste ano, recebi minha ordenação. Entretanto, sempre quis trabalhar como missionário. Falei com o padre Arnaldo Giuliani e me coloquei à disposição para participar de missões palotinas. Após 20 dias, fui enviado para a periferia de Manaus, onde fui ajudar as pessoas e levar a palavra de Deus, realizando um sonho. Depois de seis anos na capital amazonense, fiz mestrado em Belo Horizonte. Em seguida, os superiores acharam que seria interessante eu terminar o mestrado em Roma. Lá, passei por outra experiência enriquecedora.

Foto: Arquivo Pessoal
Padre Gilberto é um dos integrantes do Conselho Provincial da Província Nossa Senhora Conquistadora. Na foto estão, da esquerda para a direita, os padres Lino Baggio, Clesio Facco, Vanderlei Luiz Cargnin e Mércio José Cauduro

Diário - O que foi mais importante no período em que morou em Roma?

Padre Gilberto - Participei de uma comunidade internacional. Lá, a língua geral era o italiano. Porém, entre os estudantes, no refeitório, por exemplo, ouvia-se as mais variadas línguas, como português, inglês e polonês. Era uma internacionalidade muito interessante. Aprendemos a respeitar, ainda mais, outras culturas. Em Roma, terminei o mestrado.

Diário - Depois desta primeira passagem pela Itália, o senhor retornou a Roma.

Padre Gilberto - Depois de terminar o mestrado, voltei para Santa Maria para trabalhar em paróquias e lecionar. Trabalhei na Paróquia Santo Antônio, no Patronato, e fui vigário paroquial em Camobi e em Faxinal do Soturno. À época, eu morava na Faculdade Palotina (Fapas) e dava aulas uma ou duas vezes por semana. Trabalhei assim durante, aproximadamente, 10 anos. Ainda em Santa Maria, fui secretário das missões palotinas e, às vezes, ia para Roma para participar de encontros. No final de 2003, chamaram-me para dar palestras na Itália. Assim, fiquei conhecido e me elegeram conselheiro geral. Os palotinos têm cinco secretários gerais, um em cada continente. Fui representante da América Latina. Por integrar o conselho, voltei a morar em Roma. Permaneci como secretário geral das missões palotinas durante 12 anos. Fui reeleito uma vez.

Foto: Arquivo Pessoal
Na Feira do Livro de Santa Maria, em 2017, ao lançar o livro "Ecologia: a Contribuição do Magistério da Igreja, que contém a tese de dourado

Diário - Como o senhor passou a fazer parte da equipe diretiva da Fapas?

Padre Gilberto - Ao voltar de Roma, fui nomeado pelo conselho provincial de Santa Maria para assumir a função de vice-diretor da Fapas. Fiquei neste cargo durante seis meses e, em 2018, assumi a direção. Além disso, também dou aulas nas áreas de moral social, moral do pecado e da reconciliação e ecologia. A respeito deste tema, fiz minha tese de doutorado e, em 2017, lancei o livro Ecologia: a Contribuição do Magistério para a Igreja, pela Biblos Editora.

Foto: Arquivo Pessoal
A atual direção da Fapas é composta pelo Padre Gilberto (a partir da esq.), como diretor, Jadir Zaro, como vice, Vanderlei Luiz Cargnin, como tesoureiro, e Sérgio Lasta, como secretário

Diário - Na sua opinião, qual é a importância da fé na vida das pessoas?

Padre Gilberto - Quem tem fé age de forma esperançosa. A fé dá sentido à vida. Falo de uma fé autêntica, com contato com Deus por meio de orações. A fé também é exercida através da comunhão entre as pessoas, que se unem no exercício da caridade. Quem não tem fé, entra, muitas vezes, em desespero. Podemos ter a fé cristã ou buscarmos diferentes crenças. Viver sem fé é difícil. Todos os dias, peço para que a minha fé aumente e, acima de tudo, para não perder a esperança.

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