
Papel, cartolina, maquetes, robôs, plantas, ideias e muita curiosidade. Assim foi a Mostra Científica das Escolas Estaduais do Rio Grande do Sul, realizada em Santa Maria, que transformou trabalhos escolares em verdadeiros experimentos. Ao todo, foram 115 projetos de 95 escolas, vindas de 23 municípios que compõem a 8ª Coordenadoria Regional de Educação (8ª CRE). A mostra ocorreu nesta terça-feira (9), no Park Hotel Morotin.
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No ano em que o Brasil será país-sede da COP 30, um dos maiores eventos do mundo sobre mudanças climáticas, o evento conectou a mostra com a discussão global ao propor o tema "Rumo à COP 30: Criando Caminhos para a Sustentabilidade". De acordo com o coordenador da 8ª CRE, José Luis Viera Eggres, a mostra é uma forma de evidenciar o que é feito nas escolas públicas do Estado:
– Precisamos acreditar mais na escola pública. É possível construir um futuro melhor para o nosso Estado e para o nosso país produzindo educação de qualidade, como a que estamos vendo aqui hoje.

A mostra reforça, para o coordenador, a importância de metodologias inovadoras no processo de ensino.
– Nosso propósito é fomentar metodologias ativas e o empreendedorismo na educação, retomando a ideia das antigas feiras de ciências como forma de incentivar práticas criativas dentro da escola – conclui.
Trabalhos
Na Escola Estadual de Ensino Médio Dr. Walter Jobim, do Bairro Itararé, o desafio foi criar couro a partir do chá. A combinação inusitada resultou no chamado biocouro – uma alternativa mais sustentável comparada à produção com uso de material animal. O resultado foi apresentado durante a Mostra Científica. Lavinia Xavier Rubattino, 16 anos, estudante do 1º ano do Ensino Médio na instituição, conta que o projeto mobilizou toda a turma.
– O processo começa fazendo o chá, depois adicionamos açúcar e o starter, que é um chá já fermentado. Após, colocamos numa colônia formada por bactérias e leveduras, passamos para um reator. Ali, ele fica por cerca de dois meses antes de passar pela etapa de tratamento e secagem.
O estudante Kelvin Augusto Santos, 16, que também participou do trabalho, afirma que o próximo passo é aprimorar a técnica e pensar em formas de fazer um biocouro colorido:
– Foi bem legal e envolvente. A turma toda participou. E nossa ideia é continuar e testar outras formas para deixar ele mais resistente.

Em outro estande, perto dali, a inclusão em sala de aula emocionou muitos que passaram pela mostra. Alunos do sétimo ano da Escola Estadual de Ensino Fundamental General Gomes Carneiro, de Santa Maria, criaram jogos para auxiliar dois colegas usuários de cadeira de rodas e que têm paralisia cerebral. São testes que instigam a paciência, o desenvolvimento e provem a interação entre todos os alunos da sala, em uma mesma sintonia.
– Fizemos um projeto que pudesse incluir todos da turma. Tivemos, além da parte prática, muito estudo e muita pesquisa. Alunos com transtorno do espectro autista têm problemas para socializar, com os jogos, talvez podem se sentir mais confortáveis para interagir – comenta Jamily Quevedo Corrêa, 12 anos, que integra o projeto.

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