Reitor da UFSM critica leitura sobre custo por aluno e defende mais investimentos em educação pública: “Universidade é cara porque faz ciência”

Reitor da UFSM critica leitura sobre custo por aluno e defende mais investimentos em educação pública: “Universidade é cara porque faz ciência”

Foto: Beto Albert (Diário/Arquivo)

Em entrevista à Rádio CDN 93.5FM nesta quarta-feira (23), o reitor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Luciano Schuch, reforçou o papel das universidades públicas como pilares da produção científica e criticou a forma como os dados sobre custo por aluno têm sido apresentados.

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Ele destacou que 90% das pesquisas no país são feitas em universidades e que o valor de R$ 77 mil por aluno, divulgado recentemente, ignora aspectos importantes como aposentadorias, programas de pós-graduação e ensino técnico.

Esse valor não representa apenas o aluno da graduação, ele representa o investimento para gerar ciência e formar cidadãos no país — explicou Schuch.

De acordo com o reitor, cerca de 40% do orçamento da UFSM se destina ao pagamento de servidores aposentados, algo que só ocorre nas universidades federais. Ele também reforçou que os dados desconsideraram quase 10 mil alunos da pós-graduação, escolas técnicas e escolas de aplicação. Outro ponto destacado é que o cálculo divulgado considera apenas os alunos de graduação. 

— Na nossa folha, a gente tem em torno de 800 milhões que é de ativos, em torno de R$ 500 milhões que é de aposentados. Então, a gente já tem um custo bem alto, e no passar dos anos esse número vai se equilibrando e até pode superar. Então, isso é uma coisa que distorce o valor do custo das universidades brasileiras. [...] Nós temos hoje quase 5.000 alunos na pós-graduação que não contabilizaram. Temos alunos do ensino médio, do ensino técnico tecnológico que também não contabilizaram.

Ele defendeu mais investimentos na educação básica e superior, e disse que a falta de investimento tem reflexos diretos na estrutura das escolas e na atratividade da carreira docente. 

— Sem educação, o Brasil continuará sendo um país que apenas importa tecnologia. Infelizmente, a gente ainda investe pouco em educação. [...] O professor tinha que ser a referência na comunidade. Hoje, vemos professores com três ou quatro contratos para sobreviver — argumenta.

Foto: Vinicius Becker (Diário)


Schuch citou como exemplo o Colégio Politécnico da UFSM, eleito o segundo melhor do país entre as escolas de ensino médio, com estrutura e professores com dedicação exclusiva.

Se queremos mudar o país, temos que investir em escolas assim: com laboratórios, bibliotecas, professores preparados e bem remunerados — disse.

O reitor também informou que o orçamento da UFSM foi recomposto em cerca de R$ 6 milhões, o que permitirá a conclusão do ano letivo com tranquilidade, segundo ele.

A professora Marta e o professor Thiago já participam da nossa rotina de reuniões. A partir de outubro, começaremos uma transição gradual. É o mesmo projeto, com novas lideranças — concluiu.

Por fim, a entrevista também abordou a transição para a nova gestão da universidade. Schuch confirmou que a lista tríplice com os nomes de Marta Zanella, Thiago Okida e Cristina Nogueira será enviada ao Ministério da Educação (MEC) até o final de agosto.

 — É o mesmo grupo que está à frente da universidade há mais de 12 anos, um projeto que segue, agora liderado pela primeira mulher reitora da UFSM. [...] Marta vai ser, é uma gestora muito competente e ao mesmo tempo vai ser a nossa primeira mulher à frente da universidade, que é o marco para a nossa instituição e para a nossa sociedade como um todo — completou.

Foto: Vinicius Becker (Diário)

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