Foto: Vinicius Becker (Diário)
Horas após a prefeitura de Santa Maria detalhar o edital de licitação do transporte público, a Associação dos Transportadores Urbanos (ATU), que representa as atuais empresas que operam o sistema SIM, levantou questionamentos sobre a viabilidade econômica do modelo proposto. Em entrevista ao programa F5 da Rádio CDN (93,5 FM) na manhã desta terça-feira (22), o diretor da ATU, Edmilson Gabardo, afirmou que o valor de R$ 7,67 estabelecido como referência para a tarifa técnica no edital de concessão parece baixo frente às exigências do novo contrato.
LEIA TAMBÉM: ATU confirma que empresas de ônibus de Santa Maria vão se unir para disputar licitação do transporte
"Pelo valor do investimento, nós achamos que esse valor tem algum ruído, deve ter alguma situação. Vamos analisar detalhadamente", declarou Gabardo.
Segundo ele, a conta para a nova tarifa precisa considerar os altos investimentos exigidos no edital, como a renovação da frota e a implementação de novas tecnologias de pagamento. Gabardo citou como exemplo uma licitação recente em Sapucaia do Sul, município menor que Santa Maria, onde a tarifa técnica apurada foi de R$ 8,33.
O custo da renovação da frota

Um dos principais pontos de análise para a ATU será o custo da renovação da frota. O edital exige que a idade média dos ônibus caia dos atuais 9 anos para uma média de 3,5 a 5 anos, com idade máxima individual de 8 anos.
"O município remunera o serviço por um ônibus de 9 anos. Um ônibus de 9 anos custa R$ 150 mil. Um ônibus com 0 km custa R$ 900 mil - entre carroceria e chassi. Um ônibus com 3 anos e meio custa de R$ 500 mil a R$ 600 mil", exemplificou Gabardo, ressaltando que a tarifa paga à concessionária precisa remunerar esse investimento.
A defesa do subsídio
Gabardo defendeu a necessidade de subsídio público para o sistema, afirmando que uma tarifa de R$ 7,67 paga integralmente pelo usuário seria o "fim do serviço de transporte público na cidade". Para ele, o valor seria "impagável" e levaria os passageiros a outros meios de transporte.
"Eu sou a favor que o usuário pague uma pequena parte e o município, que pega o dinheiro de todos os munícipes, dos 285 mil habitantes de Santa Maria, pague uma parte desse serviço. Assim como é feito com a iluminação pública, com a saúde, com a educação", argumentou.
Ele também informou que a dívida atual da prefeitura com as empresas, referente ao subsídio do sistema, está na ordem de R$ 10 milhões, além dos R$ 4 milhões já repassados no início do ano.
Sobre a participação no certame, Gabardo afirmou que as empresas locais "vão fazer de tudo para participar, desde que tenhamos condições de atender as exigências do edital".