Crédito: Gustavo Nuh/CVSM
A Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Câmara de Vereadores de Santa Maria realizou, nesta segunda-feira (01), uma audiência pública para discutir a segurança e as condições de trabalho dos servidores da área da saúde no município. O encontro foi solicitado pelo vereador Valdir Oliveira (PT), após relatos de agressões, ameaças e situações de constrangimento registradas em Unidades Básicas de Saúde (UBS).
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O vereador Valdir Oliveira destacou que a situação enfrentada pelos trabalhadores exige atenção imediata.
– Temos acompanhado que os trabalhadores da saúde estão sendo tensionados. A saúde mental está abalada e nós precisamos lembrar que quem trabalha para cuidar da saúde das pessoas também precisa estar bem – afirmou.
"Merecemos respeito porque somos seres humanos"
Entre os depoimentos apresentados, servidores relataram o agravamento da violência e da pressão no ambiente de trabalho. A enfermeira da Estratégia de Saúde da Família (ESF) da Vila Lídia Sharon da Silva, que trabalha há mais de vinte anos na área, afirmou que os trabalhadores têm enfrentado um ambiente cada vez mais difícil, apesar do compromisso profissional e do vínculo com o serviço público.
Sharon também relacionou parte dos conflitos à falta de acesso da população aos serviços. Ela explicou que, embora o município receba recursos para a atenção básica, a cobertura atual é de apenas 55,9%, o que impede que quase metade dos moradores seja atendida pelas equipes. Para a enfermeira, essa limitação contribui diretamente para o aumento da tensão entre profissionais e usuários, já que muitas pessoas interpretam a falta de atendimento como descaso, quando na verdade é resultado da capacidade insuficiente do sistema.
– O que observamos no dia a dia é que a violência contra os trabalhadores está cada vez maior. Nós não merecemos respeito porque somos servidores públicos, merecemos respeito porque somos seres humanos e trabalhadores – declarou.
Além da segurança, a necessidade de reforço dos quadros foi um dos principais pontos levantados por sindicatos e pelo Conselho Municipal de Saúde. As entidades defenderam a ampliação das equipes, especialmente na atenção básica.
O secretário municipal de Saúde, Guilherme Ribas, afirmou que, mesmo com o decreto de contingência vigente em 2024, o município realizou contratações ao longo do ano. Ele reconheceu, porém, que o déficit persiste e que novas chamadas são necessárias.
Encaminhamentos
Como resultado imediato da audiência, o secretário anunciou uma série de medidas que serão acompanhadas pela pasta. Entre elas estão:
- Implementação de botões de pânico nas unidades;
- Ampliação do videomonitoramento;
- Melhoria da infraestrutura das unidades;
- Levantamento das necessidades estruturais das unidades;
- Avaliação sobre novas contratações para reduzir a sobrecarga das equipes;
- Licitação para novas UBS em Santa Maria;
- Unificação da Farmácia Municipal com a Farmácia Municipal de Medicamentos Especiais.
Durante a audiência, o secretário também comentou sua perspectiva para o próximo ano.
– Tenho muita expectativa e energia para que a gente consiga evoluir em 2026 em relação à estrutura física, aos chamamentos e aos fluxos, para melhorar cada vez mais. Sempre fui do diálogo, e meu objetivo é avançar continuamente – declarou.
A comissão deverá elaborar um relatório com todas as demandas e recomendações apresentadas, que será encaminhado ao Executivo Municipal e ao Ministério Público.