Câncer de Preta Gil é um dos mais letais e silenciosos; especialista dá dicas de prevenção

A morte da artista Preta Gil, no último domingo (20) reacende um alerta sobre o cuidados com a saúde para prevenção de doenças. A cantora lidou com o câncer por pouco mais de dois anos, após descobrir um tumor no reto em 2023. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer no intestino é o terceiro mais frequente no Brasil, com base no biênio 2023-2025. A doença afeta homens e mulheres e é uma das que mais leva a óbito.

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A gastroenterologista e nutróloga, em Caroline Caurio destaca que, embora bastante prevalente, pode ser prevenido por meio de exames. Entretanto, segundo ela, há muito estigma a respeito do tratamento, o que dificulta a prevenção.

– Existe muito receio da realização dos exames, do exame da colonoscopia. Existe muita piadinha, existe muita brincadeira. Infelizmente, a maior parte dos pacientes que chegam ao nosso consultório para com o diagnóstico chegam já em estágio mais avançado, em estágio 3, em estágio 4 da doença.

Segundo Caroline, muitos pacientes chegam ao consultório sem conhecer o tratamento e os sintomas da doença. Além disso, ela reforça que a partir dos 45 anos o risco de desenvolvimento da doença aumenta, e que pessoas com histórico de outros canceres, têm mais chances de desenvolver o cancer colorretal. 

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– É fundamental que nós possamos falar mais sobre isso para que os pacientes percam os medos dos métodos de rastreio e saibam quando nos procurar. E a gente sabe também que o estilo de vida atual da população tem feito com que os diagnósticos fiquem cada vez mais precoces. Pacientes com obesidade têm maior risco, pacientes sedentários têm maior risco, pacientes com histórico na família acabam tendo também maior risco do desenvolvimento. 

Por isso, é importante procurar, investigar, e consultar um médico regularmente.

– Se você tem um bom clínico, um médico geral, de confiança, no caso da mulher, um ginecologista ou um urologista, peça para que ele solicite o exame e assim fazer a prevenção.

Sintomas

Preta Gil, durante todo seu tratamento, foi sincera com seu público ao falar sobre seus exames, seu estado de saúde e os processos pelos quais estava passando. Em uma dessas oportunidades, ela comentou que teve sintomas como prisão de ventre e fezes em formato de fitas, mas que considerava normal. Por isso, atentar-se aos sintomas é o primeiro passo para a prevenção desta e de muitas outras doenças.

Caroline reforça que sangramento nas fezes é sempre um sinal de alerta. Outros sintomas, como perda de peso rápida e sem explicação aparente, alterações no hábito intestinal ou dores abdominais incessantes devem ser notados com atenção. 

– Anemia e cansaço também são sinais que devem fazer com que o paciente procure o especialista. As fezes em fita ou as fezes mais achatadas, que é o que a Preta Gil comentou, porque o câncer que ela tinha era bem na parte inferior do intestino, era mais no reto. Então, ali quando as fezes passam pelo reto, elas se modificam pelo estreitamento causado pelo tumor.

Tratamento

É a partir do exame de colonoscopia que os médicos realizam o diagnóstico. Por meio dele, é possível visualizar o intestino grosso, o cólon, e o reto. O exame é realizado com o paciente sedado, o que garante mais conforto durante o procedimento. A médica gastroenterologista reforça que o exame não precisa ser feito anualmente.

– Hoje em dia nós temos de padrão ouro, ou seja, o melhor método para diagnosticar, que é a colonoscopia. Essa colonoscopia ela é feita aos 45 anos e ela não precisa ser feita anualmente. Se o exame aos 45 anos veio normal, o próximo exame será feito só em cinco ou dez anos. O paciente às vezes fica receoso, porque tem alguns preconceitos com relação ao exame ou tem medo, mas na consulta médica nós acabamos desmistificando muita coisa.

A colonoscopia detecta crescimentos anormais de tecido, chamados de pólipos. Embora a maioria seja benigna, alguns deles podem se transformar em câncer ou serem precursores de câncer, especialmente em casos de pólipos no cólon.

– Quando fazemos a colonoscopia e detectamos pólipos, muitas vezes já removemos, e em muitos casos esses pólipos já são um câncer em estado inicial. Muitas vezes, só com a remoção, já se resolve, senão, o tratamento vai depender de tomografias, ressonâncias, enfim, para avaliar se esse paciente vai precisar só de cirurgia ou se esse paciente vai precisar fazer quimioterapia, radioterapia ou ambos.

Alimentação

Além de gastroenterologista, Caroline também é nutróloga. Ela destaca que alimentos ricos em fibra ajudam a microbiota intestinal, e, assim, ajudam a ter uma barreira intestinal e um intestino mais fortes. 

– Cereais. frutas, legumes, verduras, grãos integrais. Tudo isso ajuda o intestino a se fortalecer. Em contrapartida, alimentos ultraprocessados, aqueles alimentos de excessos de corantes, de conservantes, acabam sendo os inimigos.