Como estão os cinco cemitérios municipais de Santa Maria às vésperas do Dia dos Finados

Como estão os cinco cemitérios municipais de Santa Maria às vésperas do Dia dos Finados

Foto: Vinicius Becker (Diário)

Nos dias que antecedem uma data marcada para recordar momentos, histórias e lembranças de quem já se foi, muitos santa-marienses se anteciparam às homenagens e visitaram os cinco cemitérios municipais da cidade para limpar jazigos, levar flores e fazer pequenas reformas. O trabalho, porém, é dificultado pela falta de infraestrutura e furtos recorrentes. O Dia de Finados, feriado nacional desde 2002, será neste domingo (2).


No total, são cinco cemitérios sob responsabilidade do Executivo municipal: Campestre do Menino Deus, na Travessa dos Remadores; Ecumênico Municipal, na Avenida Dois de Novembro, no Bairro Patronato; Jardim da Saudade (Caturrita), na Rua José Barin, 1.748; Pau a Pique, na BR-392; e São Marcos, na Estrada Municipal Norberto José Kipper. Há ainda dois espaços administrados pela iniciativa privada: São José e Parque Jardim Santa Rita de Cássia.


No maior deles, o Ecumênico Municipal, há intenso movimento de limpeza para o feriado. Já nos demais, o cenário é de manutenção básica. O modo de homenagear mudou: o uso de metais em fotoporcelanas quase desapareceu após os furtos recorrentes. Hoje, muitos optam por molduras de plástico ou alteram o formato dos túmulos para evitar depredações. Violações e furtos seguem comuns.

O que é o Dia de Finados

Oficializado no Brasil em 2002, o Dia de Finados é celebrado em 2 de novembro e tem origem em antigas tradições pagãs de mais de 2 mil anos, praticadas por povos celtas da Europa. A data foi incorporada pela Igreja Católica como um momento de homenagem aos mortos, e hoje é observada por diferentes religiões. Costuma-se visitar túmulos, acender velas e prestar reverência aos entes falecidos, como explica o site oficial do Vaticano. A celebração reflete o gesto simbólico de manter viva a lembrança e a gratidão por quem partiu.


Cemitério Jardim da Saudade

Foto: Vinicius Becker (Diário)

Localizado no Bairro Caturrita, o Jardim da Saudade, na Rua José Barin (1.748), está longe de parecer um jardim. O local não tem muro, portão ou grades de proteção. Como nos demais cemitérios, não há espaço destinado ao acendimento de velas — a prática ocorre nos próprios jazigos. Animais mortos e restos de objetos usados em rituais religiosos são encontrados entre as ruas estreitas.


Durante as reformas, restos de materiais de construção ficam espalhados entre túmulos. Também não há banheiros. A grama foi cortada recentemente, o que facilita a circulação, mas furtos e violações continuam sendo um desafio.


O aposentado Luiz Albino Argenta, 74 anos, e sua esposa, Terezinha de Fátima Argenta, 68, mantêm o hábito de cuidar do jazigo da família. Na manhã fria de terça-feira (28), ela pintava o túmulo enquanto o marido lamentava os furtos:

– Não existe mais argola, todas foram levadas porque eram de metal – relata Argenta.


Ele lembra ainda que o cemitério ficou sem cerca há anos:

– Derrubaram faz uns cinco ou seis anos. E nada. De infraestrutura, melhoram um pouco só perto de Finados, quando fazem mutirões – afirma.


Mesmo com limpezas recentes, o espaço é usado para descarte de sofás, camas e restos de plantas. 

Foto: Vinicius Becker (Diário)


A única obra em andamento no local é a construção de novas carneiras. Ao todo, são 100 unidades que devem, em parte, ajudar a desafogar a superlotação do Cemitério Ecumênico Municipal, como o Diário já havia noticiado há algumas semanas.

Cemitério Campestre do Menino Deus

O acesso ao local é difícil: não há placas de sinalização, e o caminho é feito por estrada de chão batido, danificada pelas chuvas. O cemitério, cercado por vegetação, apresenta carências estruturais — não há bancos, água, banheiros, passeio público nem local para acender velas. Há jazigos abandonados e ausência de carneiras públicas. Embora a grama tenha sido cortada, faltam obras de infraestrutura. O forte cheiro de animais mortos marca a chegada.


Cemitério Pau a Pique

Às margens da BR-392, no Bairro Passo das Tropas, Edith Escobar, 58 anos, e sua prima Rosane Dornelles, 64, faziam a limpeza do jazigo da família. Elas acreditaram que a equipe do Diário fosse da prefeitura e aproveitaram para reclamar da falta de água.


– A gente tem que vir com tudo, porque não tem torneira, não tem nada. Não tem água aqui. A gente paga anualmente, mas não tem retorno – questiona Edith.


Segundo as duas, o poço que existia no local foi usado para descartar restos de caixões e outros resíduos. Há muro e portão, mas faltam banheiros, bancos, iluminação e espaço para velas. Um antigo banheiro virou ponto para práticas religiosas. A Cruz Mestre, antes dentro do cemitério, foi deslocada para fora e hoje está cercada por lixo e garrafas.

​Rosane conta que até a foto do marido foi furtada:

– Já levaram as fotinhos. Tinha uma parte de metal em volta, quebraram as fotos e levaram – relata.


Cemitério São Marcos

Na Estrada Municipal Norberto José Kipper, quem segue em direção ao distrito de Arroio Grande, encontra o Cemitério São Marcos, cercado por muros antigos e de arquitetura marcante. Do lado de dentro, a cena mistura jazigos bem cuidados com outros abandonados.


A empresária Lia Borin Noal, 60 anos, fazia a limpeza do jazigo da família do marido. Ela observa que, apesar da aparência externa, faltam banheiros, bancos, áreas para velas e até passeios públicos. Uma capela serve como depósito de resíduos.

– Aqui dentro da família é cuidado, porque a família é que cuida – diz Lia.


Ela reflete sobre o significado das homenagens:

​– O luto da gente tem que estar no coração e o resto é só imagem. Mas a imagem também pega. Tenho meu pai sepultado no Ecumênico, mas quero levar para o Medianeira, que é mais acolhedor. Aqui tu entra e toma um choque – completa.


Ecumênico Municipal

Localizado no Bairro Patronato, é o maior cemitério da cidade e por lá o cenário já é bem diferente. De acordo com a prefeitura, o local opera com acesso controlado por empresa terceirizada e um sistema de segurança com mais de 50 câmeras, instaladas desde 2021. Os trabalhos de conservação passou nesta semana por serviços de manutenção, como corte de grama e limpeza.


A estrutura de segurança – que não existe nos demais – é monitorada 24 horas por dia, em tempo real, pelo Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp). As imagens também são exibidas em dois monitores no escritório local. Diariamente, a Brigada Militar realiza rondas no cemitério para evitar vandalismo.


Internamente, o Ecumênico possui ruas e corredores de passeio público, estrutura inexistente nos outros quatro cemitérios da cidade. Os trabalhos de manutenção desta semana incluem recolhimento de lixo, retirada de plantas secas e pintura dos corredores. No entorno, nas avenidas Liberdade e Dois de Novembro, a sinalização viária foi revitalizada pela Secretaria de Infraestrutura e Mobilidade.


Segundo o secretário de Serviços Públicos, Rui Fabbrin, servidores da prefeitura estarão no local no domingo para auxiliar os visitantes que precisarem de ajuda. 


VEJA O SERVIÇO COMPLETO NESTE LINK. 

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