Entre caricaturas e carreiras: os rostos e sonhos que passam pelo Descubra UFSM

A jornada em busca de um sonho pode começar muito antes do vestibular. Para cerca de 80 alunos da Escola Professor Chaves, de Quaraí, ela começou às 3h da madrugada, com uma viagem de quase 350 quilômetros até Santa Maria. A caravana era uma das dezenas com destino ao campus da Universidade Federal de Santa Maria, que promove a 12ª edição do Descubra UFSM. A programação teve início na quinta-feira (25) e se encerra neste sábado (27), com expectativa de receber 27 mil pessoas nos três dias.

Entre os estandes dos mais de 130 cursos, nos corredores tomados por uma multidão de estudantes e nas diversas atividades culturais, a feira pulsa com a troca de experiências. São futuros universitários, professores e comunidade em geral – já que o evento é aberto ao público – tirando dúvidas com quem já está na graduação, professores observando o despertar de vocações e artistas mostrando que a universidade é, acima de tudo, um espaço de encontros.

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“Uma feira pulsante”

Para o pró-reitor de Graduação da UFSM, Jerônimo Tybusch, o sucesso do evento é o resultado de um grande trabalho coletivo, que envolve toda a comunidade acadêmica.

– É muito bonito ver a feira pulsante dessa forma e ver o que ela se tornou depois de 12 anos. Nós vamos superar a nossa marca de aproximadamente 27 mil pessoas. A feira é constituída pelos 130 cursos de graduação, projetos de ensino, pesquisa e extensão, consolidando Santa Maria como um grande polo educacional – afirma o pró-reitor.

O movimento intenso já no primeiro dia, com a chegada de mais de 100 ônibus, superou as expectativas. Para esta sexta-feira, a previsão era de um fluxo ainda maior, com até 170 ônibus agendados. O impacto do evento, segundo o pró-reitor, é geracional.

– São muitas histórias de pessoas que contam: 'Olha, a primeira vez que eu me vocacionei foi em um Descubra'. É como se fosse um estalo. Hoje, temos estudantes que vieram, escolheram a profissão, trabalharam no Descubra e hoje são egressos – celebra.

A longa viagem pelo conhecimento

​Para a professora Luciane Colina, 54 anos, que acompanhou os alunos de Quaraí, a distância não é um impeditivo, mas uma motivação.

– Como nós estamos muito longe, eles têm que se organizar. Embora estejam no primeiro ano, a visita já vai abrindo as possibilidades para eles. Eles vêm, já começam a sonhar e vão armando os meios de chegar aqui – explica a professora de história e geografia.

A mesma determinação moveu os estudantes da Escola Conego Albino Juchem, de Venâncio Aires. O trio de amigas, da esquerda para a direita, Poliana Gonçalves, 17 anos, Luna Silva, 17, e Gabriela Kolberg, 18, saiu de casa às 6h da manhã, ansiosas pelo primeiro contato com a universidade. Cada uma com um sonho diferente – Poliana com Odontologia, Luna com Medicina Veterinária, e Gabriela em dúvida entre Pedagogia e Medicina –, elas viram no Descubra a chance de sentir de perto a realidade dos cursos que almejam.

Da mesma forma, a professora Susana Soares Rodrigues, 58 anos, trouxe pela primeira vez uma turma da Escola Professor Chaves, de Santana do Livramento.

– Saímos de lá às 5 horas da manhã. A importância disso é que eles consigam se definir sobre o que querem fazer no futuro. Aqui é uma oportunidade única que eles têm para tomar essa decisão – afirma.

A arte que atrai (e retrata) 

Em meio aos corredores lotados, uma das cenas que chamava a atenção dos jovens era o artista Ezequiel Leite, 48 anos, que transformava rostos anônimos em arte bem-humorada através da caricatura. Sentado em um banco, com um olhar focado e traços rápidos, o artista desenhou algumas dezenas de rostos  era constante, uma das atrações mais disputadas da feira.

Com mais de 30 anos de experiência com desenho, sendo os últimos 14 dedicados à caricatura, Ezequiel domina a técnica. Em poucos minutos, ele captura as expressões e cria um retrato que arranca sorrisos.

– Eu sempre gostei de fazer graça com o traço do rosto, com o cartoon. Comecei desde criança e fui me dedicando somente à caricatura, ao desenho de humor – conta o artista.

​A experiência atraiu dezenas de estudantes, professores e até mesmo este repórter, que também teve seu rosto "caricatado". Um dos estudantes na fila era Matheus Martinelli, 17 anos. Aluno do IFar de Santa Rosa, mas morador de Horizontina, ele enfrentou uma viagem que começou às 3h30min da madrugada para chegar ao evento.

​– A gente veio para descobrir alguns cursos e possibilidades de faculdade. Eu penso em fazer alguma Engenharia Elétrica – disse o jovem, momentos antes de posar para o seu retrato.

Personagens do Descubra

A feira é um palco para os mais diversos talentos. Na Rua das Artes, o "Bruxo Poeta", um personagem do curso de Teatro, recepcionava os visitantes. Caracterizado de gato, ele resumia o sentimento do dia: "Gato sente muito amor. Gato ama a UFSM".

Nos estandes de comunicação, a futura jornalista Poliana Campos de Souza, 17 anos, realizava um sonho. Aluna da Escola Estadual Professora Guilhermina Javorski, de Jaguari, ela teve a oportunidade de ler as notícias em um teleprompter no estúdio de TV montado no local.

– Foi muito legal, uma experiência única. Eu já sempre tive essa ideia de querer ser jornalista, e vim aqui no ano passado. Gostei muito – conta a estudante do segundo ano.

Programação de encerramento

O Descubra UFSM encerra neste sábado (27), com programação no Planetário da universidade. As sessões ocorrem pela manhã e à tarde.

Manhã: “A Questão da Vida”

• Sessões: 9h; 9h45min; 10h30min; e 11h15min.

Tarde: “Dois Pedacinhos de Vidro”

• Sessões: 13h30min; 14h15min

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