Dia de reencontros

Grupo de detentas do Presídio Regional de Santa Maria passou a sexta-feira com os filhos fora da cadeia

Luiza Oliveira

"

Aos poucos, um grupo de crianças envergonhadas chegou a um ginásio pertencente à Polícia Federal (PF). De mãos dadas com agentes da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), elas procuravam um rosto familiar entre as 10 mulheres que as esperavam de pé. Quando os olhares entre mães e filhos se cruzaram, o reconhecimento imediato foi seguido por uma corrida em busca do abraço que há tanto não sentiam.

Grupo de detentas do Presídio Regional de Santa Maria passará um dia com os filhos fora da cadeia

A cena descrita representa apenas uma fração do que se viu nesta sexta-feira, quando um grupo de detentas do Presídio Regional de Santa Maria (PRSM) teve a oportunidade de passar o dia com os filhos fora da prisão. A maioria delas não via os seus pequenos há mais de ano. O Projeto Inspira foi desenvolvido pela PF, Polícia Civil (PC), Susepe e Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). A ação começou às 9h30min e contou com palhaços, banda do Exército, profissionais e estudantes de Odontologia e de Educação Especial.

A iniciativa partiu do delegado da PF Getúlio de Vargas. Segundo Vargas, o objetivo da ação foi reunir as detentas e os filhos, desmistificando a polícia para as crianças e dando a chance de interação em um ambiente neutro, que não a cadeia. Mesmo para um delegado que precisou aprender a reprimir as emoções para aplicar a lei, presenciar o reencontro fez com que o sentimento de compaixão trouxesse lágrimas a seus olhos.

O local escolhido contou com a segurança necessária para garantir que o dia transcorresse de forma tranquila. E mais do que isso: que as crianças se sentissem acolhidas em um ambiente tranquilo, leve e de brincadeiras.

De acordo com Anderson Prochnow, delegado penitenciário regional, as 10 mulheres foram escolhidas com base em critérios como bom comportamento e tempo sem ver os filhos. Ele conta, ainda, que sete das escolhidas não viam seus pequenos há mais de um ano.


 
Carinho e brincadeiras
 
Uma das detentas, de 29 anos, não via os filhos há mais de um ano. Mãe de seis crianças, ela teve a oportunidade de passar o dia com três delas, com idades de 4 a 12 anos. A jovem estava grávida quando foi presa por violar uma condicional. Ela conta que, depois do parto, teve quatro meses com a filha, antes de ter que entregá-la para familiares. Para ela, o mais difícil no cumprimento da pena é ter que ficar longe dos filhos, os quais ela vê, no máximo, duas vezes por ano.

– Eu tenho outro filho de 13 anos, que agora vai ser pai. É muito estranho não poder estar com ele neste momento. Antes de eu ser presa, ele nunca tinha dado problema – conta.

Para garantir a interação entre as crianças e as detentas, um grupo de alunas e professoras do curso de Educação Especial da UFSM criou brincadeiras. Isso porque algumas das crianças, por serem muito novas e não ter convívio com as mães, poderiam estranhar o ambiente. Um grupo de estudantes de Odontologia, também da universidade, ensinou os pequenos a escovar os dentes e os presentearam com um kit de higiene bucal.

Segundo o delegado Vargas, o projeto deve ocor"

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Anterior

Dois jovens são presos por tráfico de entorpecentes em Santa Maria

Próximo

Polícia investiga suspeita de abuso sexual em Santiago

Geral