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O jornalista, filósofo e escritor Ruy Carlos Ostermann morreu nesta sexta-feira (27), aos 90 anos, no Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, vítima de complicações de saúde após contrair dengue. Natural de São Leopoldo, ele deixa um legado marcante na crônica esportiva, na cultura e na vida pública do Rio Grande do Sul.
Formado em Filosofia pela UFRGS, Ostermann iniciou sua trajetória nos anos 1960, lecionando em colégios e atuando como assistente de Ernani Maria Fiori até serem cassados pela ditadura militar. Paralelamente, mergulhou no jornalismo, começando na Companhia Jornalística Caldas Júnior, onde passou pela Rádio Guaíba e pelos jornais Folha da Tarde, Folha da Manhã e Folha da Tarde Esportiva.
Sua carreira ganhou dimensão nacional ao assumir, em 1978, o comando do Sala de Redação na Rádio Gaúcha, programa que conduziu por 33 anos, até 2012, sendo considerado o âncora mais longevo da emissora. Foi nesse espaço que consolidou sua fala analítica e erudita, que lhe rendeu o apelido de “Professor”.
Exerceu com destaque cargos públicos: foi deputado estadual (1982 e 1986), o primeiro secretário de Ciência e Tecnologia do RS (1987) e secretário de Educação (1988), quando implementou mudanças como a eleição direta de diretores escolares.
Como escritor, publicou 11 livros, entre crônicas esportivas e reflexões culturais, destacando-se títulos como Itinerário da Derrota, Meu Coração é Vermelho e Felipão: A Alma do Penta. Também ganhou repercussão nacional ao participar de programas da Rede Globo, SporTV, TV Cultura e outras emissoras.
Nos últimos anos, Ruy foi homenageado em diversas ocasiões — recebeu o Prêmio RBS de Jornalismo e o Troféu Escritor do Ano em 2024, além da Medalha do Mérito Farroupilha e o título de Cidadão Honorário de Porto Alegre . Em 2024 também foi lançado sobre ele o livro Um Encontro com o Professor, biografia escrita por Carlos Guimarães.
Sua voz foi presença constante em onze Copas do Mundo desde 1966, tornando-se referência para gerações de ouvintes e profissionais. A mistura única de formação acadêmica e sensibilidade cultural tornou Ruy uma figura respeitada, que ultrapassou os limites do esporte para se firmar como voz importante da inteligência gaúcha.
O velório será realizado na manha deste sábado (28) na Assembleia Legislativa do RS.