Foto: Nathália Schneider (Arquivo Diário)
As mulheres do Rio Grande do Sul estão entre as que mais adiam a maternidade no Brasil. Segundo o estudo Cadernos RS no Censo 2022: Migração e Fecundidade, elaborado pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE), vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG), com base em dados do Censo Demográfico do IBGE, a idade média da fecundidade no Estado é de 29 anos, maior que todas os outros 25 Estados brasileiros e a segunda maior do país, atrás apenas do Distrito Federal (29,3 anos).
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Segundo o estudo, a idade média da fecundidade representa a idade média das mulheres no momento do nascimento de seus filhos, considerando todos os nascimentos ocorridos em um determinado período.
O levantamento mostra que as gaúchas estão tendo menos filhos e em idades mais avançadas. A taxa de fecundidade total (número médio de filhos por mulher) é de 1,44, abaixo da taxa de reposição populacional de 2,1.
Todos os Conselhos Regionais de Desenvolvimento (Coredes) apresentaram índices inferiores a esse nível, variando de 1,26 a 1,88 filho por mulher. Mantido esse ritmo, uma população de 100 mil pessoas seria substituída por apenas 32,2 mil após três gerações.
Motivos e consequências
O estudo aponta que o aumento da escolaridade é um dos fatores que mais influenciam a postergação da maternidade. Entre as mulheres com ensino superior completo, a taxa de fecundidade é de 1,11 filho por mulher, com maior concentração de nascimentos entre 30 e 34 anos. Já entre as que possuem menor escolaridade, os nascimentos ocorrem em idades mais precoces.
As diferenças raciais também se refletem no padrão de fecundidade: as mulheres brancas têm, em média, 1,37 filho, enquanto as mulheres pretas têm 1,59 e as mulheres pardas, 1,64. O perfil das mulheres brancas é mais envelhecido, com maternidade tardia, e o das mulheres pardas, mais concentrado entre 20 e 24 anos.
Outro dado relevante é o crescimento do número de mulheres sem filhos. Entre aquelas de 50 a 59 anos, que já encerraram o período reprodutivo, o percentual sem filhos vivos subiu de 11,1% em 2010 para 14,3% em 2022. A maior proporção está no Corede Metropolitano Delta do Jacuí (19,7%), e a menor, no Fronteira Noroeste (8,7%).
Com uma das menores médias de filhos por mulher do país (2,0 entre 50 e 59 anos), o Rio Grande do Sul se aproxima de São Paulo e do Distrito Federal no padrão de fecundidade reduzida e maternidade tardia, um retrato das transformações sociais, econômicas e culturais que vêm moldando o perfil das famílias gaúchas nas últimas décadas.