Santa Maria estuda criar Centro Pop e ambulatório social para população de rua

Santa Maria estuda criar Centro Pop e ambulatório social para população de rua

Foto: Eduardo Ramos (Arquivo/Diário)

Com 391 pessoas em situação de rua em Santa Maria, representando um aumento de 56,4% de 2023 para 2024, a prefeitura faz abordagens frequentes para identificar o perfil dos moradores de rua, segundo o secretário de Desenvolvimento Social de Santa Maria, Juliano Soares. Esse trabalho é realizado por técnicas do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), orientadas pela coordenação.


+ Receba as principais notícias de Santa Maria e região no seu WhatsApp

– Neste ano, já atendemos mais de 151 pessoas. E nós conseguimos traçar um perfil. 119 são homens, e o restante, mulheres. Ouvimos suas histórias, perguntamos de onde vêm e se querem ajuda para retornar à cidade de origem. Muitas vezes, conseguimos encaminhá-los para suas famílias, mas o fluxo é constante. Assim que alguns saem dessa situação, outros chegam – detalha o secretário.


Em relação à região de Santa Maria que mais concentra essa população, a área central é o principal ponto. Parque Itaimbé, Igreja das Dores, Rua do Acampamento e praças seguem a lista dos lugares onde a população em situação de rua se concentra e costuma utilizar para passar as noites.


20 voltaram à cidade natal

Uma das ações da Secretaria de Desenvolvimento Social é auxiliar as pessoas a retornarem a sua cidade natal. Esse trabalho é realizado em conjunto entre o Centro de Referência de Assistência Social (Cras) de Santa Maria e a unidade do município. 


– Qualquer situação que surge de pessoas querendo voltar para sua cidade, a gente primeiro faz uma abordagem até para saber de onde ela veio, o que ela quer e se quer ajuda. Agora, em 2025, nós já encaminhamos mais de 20 pessoas para a cidade de destino escolhida – ressalta o secretário Juliano Soares.


Segundo ele, há verba específica para custear o retorno desses moradores a seus municípios.


– A gente tem recurso para esse tipo de situação, só que é feito um estudo social para saber se a pessoa tem condições, se a família quer buscar. A gente paga uma passagem e presta esse apoio, mas é um trabalho muito cuidadoso. Nós já auxiliamos um rapaz para voltar para Santa Cruz do Sul, e passados dois meses, ele retornou para Santa Maria, e buscou ajuda novamente. Então, esse controle precisamos ter – esclarece o secretário.


Nos planos, políticas públicas 

Um dos planos da prefeitura é a implantação de um Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua, conhecido no país como “Centro Pop”. O local seria uma estrutura que abre de manhã e fecha à noite. 

 
– Lá, nós vamos ter psicólogo, assistente social, toda a estrutura para higienização, além de auxiliar essas pessoas a voltarem ao mercado de trabalho, encaminhando o cadastro único – explica o secretário Juliano Soares.


Outra situação que está sendo planejada pelo município é o encaminhamento, junto à Secretaria de Saúde, de um Ambulatório Social, que seria uma ambulância volante. Durante a noite, o veículo iria circular pela cidade e prestar apoio aos moradores em situação de rua.


Além dessas ações, outro objetivo da prefeitura é aumentar as vagas em uma das casas de passagem e organizar um trabalho de inclusão junto ao programa Emprega Santa Maria. Representante do movimento pelos direitos dos moradores em situação de rua, Reinaldo dos Santos avalia que, hoje, há uma “ausência” de políticas públicas para essa população.


– É uma preocupação pela ausência absoluta de políticas públicas ou sociais para essas pessoas - elas não possuem moradia digna , um local para higienizar-se (um Centro Especializado para a População de Rua) e sequer passagens para retornar a sua cidade que estão se multiplicando nas ruas da cidade – completou ele, enfatizando a importância de o comitê intersetorial funcionar.


A professora do Departamento de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e coordenadora do programa de extensão “UFSM nas ruas”, Amara Battistel, tem opinião parecida com a de Santos sobre as políticas públicas. A implantação do Centro pop, a instalação do Consultório na Rua e o funcionamento do Comitê Pop Rua, criado no final do 2024, mas que ainda não saiu do papel, são essenciais para atender a população em situação de rua.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Prefeitura reconhece que estrutura de acolhimento para população de rua é insuficiente Anterior

Prefeitura reconhece que estrutura de acolhimento para população de rua é insuficiente

Sobrevivente do incêndio na boate Kiss vive nas ruas há 12 anos; AVTSM contesta relato Próximo

Sobrevivente do incêndio na boate Kiss vive nas ruas há 12 anos; AVTSM contesta relato

Geral