Santa Maria pulsa com o 7º Congresso de Pesquisadores Negros e Negras da Região Sul; evento segue até sábado

Santa Maria pulsa com o 7º Congresso de Pesquisadores Negros e Negras da Região Sul; evento segue até sábado

Fotos: Vinicius Becker

Santa Maria se tornou o epicentro do conhecimento e da celebração da identidade negra e indígena com o 7º Congresso de Pesquisadores Negros e Negras da Região Sul (Copene Sul), que teve início nesta quarta-feira (15) e se estende até sábado (18). A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) é o palco vibrante para uma programação intensa de palestras, rodas de conversa e diversas atividades culturais.

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A solenidade de abertura, realizada na manhã desta quarta (15) no Centro de Convenções da UFSM, deu o tom da grandiosidade do evento. O professor e um dos organizadores, Anderson Luiz Machado dos Santos, expressou ao Diário o significado da iniciativa:

– O 7º Copene Sul está tendo uma construção bastante significativa. Tivemos a adesão de mais de 500 pessoas inscritas e cerca de 250 trabalhos serão apresentados. Teremos diversas atividades, entre conferências, mesas temáticas, sessões temáticas, oficinas e minicursos, além de uma programação cultural que vai até sábado. 

No hall do Centro de Convenções, a acadêmica do 6º semestre de Terapia Ocupacional da UFSM, Emilly Santos, 20 anos, e a servidora e acadêmica de História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Ana Carolina Aguilhera, 25, cuidavam do credenciamento dos participantes com entusiasmo.

– É a primeira vez que eu participo do Copene e estou muito feliz de estar na organização, ainda mais considerando que é um evento de pesquisadores negros da Região Sul. Sabemos de todo o peso histórico das narrativas sobre a região ser apenas composta por pessoas brancas. Então, conseguir organizar esse evento com a dimensão que ele tem e a diversidade aqui no Sul é de suma importância. Para mim, é uma honra estar contribuindo para tudo isso acontecer – comenta Ana Carolina.

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Na organização do 7° Copene Sul, também está a acadêmica do 4º semestre de Farmácia da UFSM, Niviane Santos, 25. Natural de Porto Seguro, Bahia, e da etnia Pataxó, ela chegou a Santa Maria em 2024. Para a jovem, o congresso é uma oportunidade para debater os desafios enfrentados pelos povos negros e indígenas, além de impulsionar a reflexão e a demanda por transformações sociais.

Esse evento é muito importante por ser um espaço de demarcação e resistência aqui na UFSM. A minha expectativa para essa edição é participar desta troca de experiências e saberes culturais, que é muito rica no Brasil, além de poder falar um pouco sobre a nossa cultura com os visitantes – afirma a jovem. 

Arte, Cultura e Debates Profundos

A abertura do Copene Sul foi além das palavras, sendo marcada pela exibição de um documentário, o espetáculo "Sopro de Negrura", do Programa de Extensão Mojubá: Danças Populares Brasileiras e as apresentações do Grupo de Dança "Orgulho da Raça", da Associação de Capoeira de Rua – Berimbau, e do Grupo de Teatro Dramaturgiras, que reverenciou os feitos da primeira deputada negra do Brasil, Antonieta de Barros, e do poeta João Cruz e Souza, precursor do simbolismo no país, emocionaram a todos.

Os debates começaram com a conferência "Resistências ao Sul do Sul: Tecendo Cosmopercepções para o Bem Viver", que reuniu autoridades locais e nacionais. No período da tarde, a mesa redonda "Atenção à Saúde e Racismo: invisibilidade e resistências" aprofundou as discussões.

A programação do dia incluiu ainda oficinas, minicursos e exposições, entre elas a mostra Lélia Gonzalez, além de uma mesa redonda dedicada às mulheres negras e indígenas no Rio Grande do Sul, reforçando a pluralidade de vozes e temas.

O público acompanhou o espetáculo Sopro de Negrura, do programa de extensão Mojubá: Danças Populares Brasileiras

Homenagem aos mestres que inspiram

O início do evento, que coincidiu com o Dia do Professor (15 de outubro), foi marcado por uma emocionante homenagem a quatro educadores que dedicam ou dedicaram suas vidas à causa: as professoras doutoras Petronilha Gonçalves e Silva, 83 anos, e Maria Rita Py Dutra, 77, e, in memoriam, o ativista Vilnes Gonçalves Flores Junior (1963-2017), conhecido como Nei D'Ogum, e o professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Paulo Vinicius Baptista da Silva (1965-2024).

Maria Rita, que também é escritora de livros infantis, falou ao Diário sobre a emoção e o significado da homenagem:

Sinto-me muito honrada. Mas penso que o que é meu é nosso. Eu peço a Deus que eu possa continuar ainda com saúde e trabalhando, porque o que eu tenho como missão de vida contribuir para a construção de uma sociedade, uma Santa Maria mais feliz e inclusiva, que tenha lugar para todo mundo. 

O 7º Copene Sul é uma realização da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros/as (ABPN), em parceria com o Consórcio dos Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABs/NEABIs) e o Neabi UFSM. 

As professoras Petronilha Gonçalves e Silva (blazer amarelo) e Maria Rita Py Dutra (vestido marrom) foram homenageadas nesta edição

Confira a programação completa do 7º Copene Sul: 

Quarta (15)

  • 16h às 18h – Oficinas, Minicursos e Exposições
  • 16h às 18h – Abertura Exposição Lélia Gonzalez
  • 19h – Mesa Redonda II - Mulheres negras e indígenas ao Sul do Sul

Quinta (16)

  • 8h –Credenciamento
  • 8h30min – Espaço Erê
  • 8h30min – Exposição Lélia Gonzalez
  • 8h30min – Mesa Redonda III – Emergência climática: Racismo ambiental e luta pelo bem viver 
  • 14h – Mesa Redonda IV: Entre a Festa e a Luta – Clubes Sociais Negros como Território de Resistência
  • 14h às 16h – Sessões Temáticas (STs)
  • 15h às 17h – Painel Obereri e Afrocientista
  • 16h às 18h – Oficinas,Minicursos e Exposições
  • 17h às 18h – Espaço para lançamentos de livros
  • 19h – Reunião do Consórcio de Neabs e Grupos Correlatos; Assembleia do Fórum da Educação Básica

Sexta (17)

  • 8h – Credenciamento
  • 8h30 – Espaço Erê
  • 8h30min – Exposição Lélia Gonzalez
  • 8h30min – Nzila da Educação Básica – Caminhos Ancestrais: Diálogos e Reflexões com as Cosmopercepções Africanas, Indígenas e Quilombolas na Educação Básica
  • 8h30min – Simpósio BORI: Ori, Ancestralidade, Corpo na Arte da Cena e na Educação
  • 14h às 16h – Sessões Temáticas (STs)
  • 16h às 18h – Oficinas, Minicursos e Exposições
  • 17h – 18h – Espaço para lançamentos de livros 
  • 19h – Mesa Redonda V: Raça e Racismo(s) – desafios da educação antirracista
  • 20h30min – Confraternização – Jantar Baile por adesão

Sábado (18)

  • 9h – Momento Cultural
  • 9h30min – Mesa Redonda VI – Epistemologias Africanas e internacionalização
  • 14h – Conferência de Encerramento – Exu, O Comunicador: Tecendo Saberes do Sul ao Sul; Carta do VII – COPENE-Sul; Apresentação Cultural de Encerramento

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