Santa Maria sedia nesta sexta audiência pública da comissão externa da Câmara dos Deputados para debater os feminicídios no Estado

Santa Maria sedia nesta sexta audiência pública da comissão externa da Câmara dos Deputados para debater os feminicídios no Estado

Foto: Zeca Ribeiro

A deputada estará em Santa Maria nesta sexta (17)

A deputada federal Fernanda Melchionna (PSol) chega a Santa Maria nesta sexta-feira (17) para uma série de atividades voltadas ao enfrentamento da violência contra as mulheres. Durante entrevista ao Bom Dia Cidade, da Rádio CDN, nesta quinta (16), a parlamentar falou sobre o trabalho da Comissão Externa de Combate aos Feminicídios, da qual é presidente e que foi criada para acompanhar o aumento dos feminicídios no Rio Grande do Sul, e destacou os dados que motivaram a ação. Nesta sexta-feira, o colegiado promove audiência pública em Santa Maria para debater o assunto. 

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Fernanda lembrou que a comissão foi instituída após o feriado de Páscoa, quando foram registrados 10 assassinatos de mulheres apenas naquele final de semana

— Nós criamos a comissão externa na Páscoa, quando tivemos uma Páscoa sangrenta. As seis deputadas federais gaúchas — Maria do Rosário (PT), Daiana Santos (PCdoB), Denise Pêssoa (PT), Any Ortiz (Cidadania) e Franciane Bayer (Republicanos) — criaram a comissão de combate aos feminicídios, que tem como desafio lançar um raio-x das políticas, ou da ausência delas, aqui no Rio Grande do Sul.

Segundo a deputada, sete em cada 10 municípios gaúchos não contam com nenhuma política de proteção à vida das mulheres. Ela afirmou que a comissão tem discutido e reivindicado a criação de delegacias especializadas de atendimento à mulher que funcionem 24 horas, mas ressaltou que 470 cidades do Estado ainda não contam com esse tipo de estrutura e que menos de 90 possuem uma Sala das Margaridas, espaço destinado ao atendimento especializado de vítimas de violência.

Fernanda relatou que, desde a criação da comissão, as parlamentares têm percorrido o Estado para entender as falhas estruturais da rede de proteção. 

— A gente já foi à Região Norte, à Fronteira Oeste, ao Litoral, ao Sul, e temos visto de tudo: salas das Margaridas sem servidores, sobrecarga de policiais civis e militares, viaturas da Patrulha Maria da Penha sendo usadas para outros fins e regiões inteiras sem abrigos especializados, como o Vale do Caí – relatou Fernanda.

Santa Maria no radar da comissão

Em relação a Santa Maria, a deputada lembrou que esteve na cidade ainda no início dos trabalhos da comissão para agendas do seu mandato. 

— Uma das coisas que me chamou atenção foi a dificuldade das delegacias para conseguir tornozeleiras, que são uma excelente política pública. 100% dos casos de agressores monitorados por tornozeleira e botão do pânico foram de sucesso, porque a polícia chega antes e a vítima consegue fugir — disse.

A parlamentar ressaltou também que há regiões inteiras do Estado sem tornozeleiras disponíveis de forma imediata e que os critérios de uso “ainda são ambíguos”. Para enfrentar o problema, Fernanda apresentou um projeto de lei para facilitar o uso das tornozeleiras eletrônicas, proposta que já conta com assinaturas para tramitar em regime de urgência na Câmara dos Deputados. 

Ela informou que a comissão ainda visitará Caxias do Sul e municípios da Região Metropolitana, com o objetivo de lançar, em novembro, um relatório com plano de metas concretas. 

Educação e prevenção desde a base

Além de propor novas medidas, Fernanda enfatizou que a prevenção deve começar pela educação: 

— A educação é fundamental porque, muitas vezes, uma criança está sob situação de violência e a palestra nas escolas abre a porta da denúncia. Já estive em cidades que, depois de palestras sobre violência doméstica, três ou quatro crianças procuraram ajuda para relatar casos que a mãe ou a tia estavam vivendo.

Além disso, a deputada explicou que 70% dos feminicídios são cometidos por homens que não aceitam o fim do relacionamento, sejam eles maridos, ex-maridos, companheiros e ex-companheiros

— Muito raramente um homem vira feminicida do dia para noite. Sempre tem um tapa antes, um empurrão, uma violência psicológica. Depois, pedem desculpas e dizem que vão mudar, e acaba em feminicídio. Então, quem está nos ouvindo, procure ajuda. As medidas protetivas salvam vidas – alertou Fernanda. 

Legislação e novos projetos

Para ela, o problema central não está na falta de leis, mas na inefetividade das políticas públicas existentes. 

— A Lei do Feminicídio já duplica o tempo de encarceramento, e a Lei Maria da Penha é uma das melhores do mundo. O que falta é a efetivação delas. 70% dos municípios não têm nenhuma política. Não é uma sala especializada, é nenhuma política.

Entre as propostas em tramitação, a deputada mencionou o projeto sobre "homicídio vicário", que aumenta a pena para casos em que crianças são assassinadas com o objetivo de atingir as mães. 

— Tivemos três casos no Rio Grande do Sul só neste ano. É uma barbárie, e queremos apertar ainda mais esse tipo de crime.

Ela defendeu também que o monitoramento por tornozeleira eletrônica não seja usado apenas como substituição à prisão. 

— O "cara" fez uma lesão grave, tem porte de arma, histórico de agressão, tem que ficar tornozelado. E ela ganha um botão do pânico. Se ele rompe a tornozeleira, a polícia é acionada imediatamente. Por isso, é um caso de 100% de sucesso. Não teve nenhum feminicídio com homens vigiados pela tornozeleira.

Agenda em Santa Maria
Fernanda reforçou o convite à população de Santa Maria para participar das atividades desta sexta-feira. Às 14h30min, ocorre uma audiência pública na Câmara de Vereadores, com a presença de órgãos de segurança e representantes municipais para debater políticas de prevenção e combate à violência de gênero.

Mais tarde, às 18h30min, acontece o Ciclo de Debates Feministas — Feministas em Luta, no Clube Comercial, com a presença da deputada estadual Luciana Genro (PSol), da ex-deputada Manuela D’Ávila e da vereadora Alice Carvalho (PSol). 

— Vai ser um debate sobre os desafios do movimento feminista, a luta das mulheres, o enfrentamento à extrema direita e os desafios do Brasil atual. Fica todo mundo convidado – finalizou a deputada.

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