Foto: Vinicius Becker (Diário)
Em entrevista ao Bom Dia, Cidade, da Rádio CDN 93.5 FM, nesta quinta-feira (13), o secretário de Desenvolvimento Social, João Chaves, destaca que é difícil definir com precisão quantas pessoas vivem em situação de rua em Santa Maria, já que esse número muda constantemente. Conforme ele, o Cadastro Único registra cerca de 520 pessoas nesta condição em Santa Maria. No entanto, nos serviços da prefeitura, como casas de passagem e o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), foram atendidas quase 398 pessoas até o momento. São, em média, 42 abordagens sociais mensais.
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— É um público que circula muito. Alguns ficam por poucos dias e seguem viagem. Muitos passam por Santa Maria a caminho de outras regiões, principalmente no verão, quando se deslocam para o Litoral.
E um trabalho integrado entre a Secretaria de Desenvolvimento Social de Santa Maria e o Ministério Público tem possibilitado o acolhimento e o encaminhamento de pessoas nessa situação, especialmente em casos que envolvem idosos em risco. Segundo Chaves, a parceria tem sido essencial para que as decisões sejam tomadas com sensibilidade e respaldo legal.
Chaves explicou o caso recente de um idoso que vivia na Rua Floriano Peixoto, no Centro, e foi internado em uma instituição psiquiátrica de Tupanciretã após pedido da prefeitura.
O caso aconteceu na manhã de quarta (12) e o encaminhamento foi autorizado judicialmente, a partir de uma solicitação feita em conjunto pela Secretaria de Desenvolvimento Social e a Secretaria da Saúde, com apoio do MP.
— A gente já vinha acompanhando esse senhor há bastante tempo. Ele já tinha passado por atendimentos na UPA e no Pronto Atendimento, e apresentava um quadro de saúde grave. Era uma situação de risco, que exigia uma medida mais efetiva.
Agora, o idoso deve permanecer internado por, pelo menos, 21 dias. Após o tratamento, será acolhido em uma casa de passagem e, posteriormente, encaminhado para uma Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI).
Abordagem humanizada
De acordo com o secretário, o vínculo criado entre as equipes técnicas da secretaria e as pessoas em situação de rua é fundamental para o sucesso do trabalho. Ele explica que os técnicos visitam com frequência os locais onde essas pessoas estão, para que se estabeleça uma relação de confiança.
O trabalho conjunto com o Ministério Público e o Judiciário, segundo ele, é constante e indispensável. A decisão pela internação compulsória só ocorre em último caso, quando há risco evidente à vida e esgotadas as tentativas de convencimento.
— A gente trabalha sempre com sensibilidade, buscando construir confiança. As técnicas da secretaria têm vínculo com essas pessoas, e é isso que permite que eles aceitem o acolhimento. (...) Sempre lembramos que ali tem um ser humano, com CPF, identidade e história de vida, e nós precisamos ser sensíveis a tudo isso.
No caso do idoso da Floriano Peixoto, o trabalho incluiu até o cuidado com os cães que o acompanhavam.
— Foi preciso garantir a ele que os animais ficariam bem. Entramos em contato com protetores independentes para que os cães fossem cuidados durante o período de internação. Isso fez parte do convencimento, e foi muito importante para que ele aceitasse o tratamento — conta o secretário.
Além do trabalho direto com a população em vulnerabilidade, a secretaria também busca diálogo com proprietários de imóveis onde pessoas em situação de rua costumam se abrigar.
— Muitas vezes, vamos no próprio cadastro da prefeitura para entrar em contato com o dono daquele espaço e conversar. Na situação de quarta, falamos com o proprietário para ele tomar algumas decisões para cuidar daquele espaço, para que a gente não tenha outros enfrentamentos dessa forma. É importante ter esse contato. São alternativas justamente para evitar essas situações.