Jovem que perdeu o Fusca "Nazaré" em acidente tem um novo amor: “Era uma ligação muito maior do que só um bem material”

Jovem que perdeu o Fusca

Foto: Nathália Schneider

Com o dinheiro do financiamento coletivo, Jayne conseguiu comprar o “Zezé”, um Fusca branco que, embora precise de alguns reparos, já conquistou o coração da nova dona

Dizem que as paixões são para serem sentidas e não explicadas. Algumas podem até ser complexas, mas outras são simples. No caso de Jayne Moraes, 27 anos, moradora do Bairro Carolina, em Santa Maria, não é preciso usar muitas palavras para definir seu amor. Na verdade, seis letras são mais do que suficientes: F-u-s-c-a-s. Neste jogo de vocábulos, a resposta poderia ser cinco se ela amasse apenas um veículo em específico. Mas a jovem tem um carinho tão especial pelo modelo da Volkswagen que, em 10 anos, já teve três Fuscas. 


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– Normalmente, as pessoas me perguntam: "é uma paixão de família?". E não é, não vem de outras gerações. Meu amor começou por Opalas, com 15 anos. Mas, por conta do alto custo, parecia um sonho distante. Um tempo depois, eu andei em um Fusca todo personalizado e rebaixado e, então, começou meu sentimento e vontade de adquirir um. É um veículo que se destaca nas ruas da cidade – conta Jayne.


Em 2016, a jovem juntou dinheiro e comprou seu primeiro Volkswagen Fusca. Para a jovem, não se tratava de um veículo qualquer. Inclusive, ele tinha até nome próprio. O "Hijo" – ou Filho, na tradução para o português –, proporcionou momentos inesquecíveis para a "mãe" de primeira viagem, que residia em Torres e levou o carro para a cidade do Litoral Norte.


Quando retornou para Santa Maria, Jayne decidiu trocar de carro. O veículo era diferente, mas o modelo era exatamente o mesmo. Mais uma vez, o amor falou mais alto. Em 2020, ela adquiriu o "Nazaré", que inclusive já havia feito parte da família há alguns anos quando pertenceu ao irmão da jovem.


O Naza, como é carinhosamente chamado por ela, passou a ser seu parceiro no dia a dia. Jayne investiu e modificou o carro para ficar com a sua cara. Mesmo em momentos de dificuldades financeiras, nunca desistiu do companheiro motorizado.


ACIDENTE

A separação entre o Nazaré e a sua dona aconteceu de forma abrupta e traumática. Em julho deste ano, Jayne se envolveu em um acidente de trânsito. Após perder o controle, ela colidiu contra um ônibus do transporte coletivo, na RSC-287, a Faixa Nova de Camobi.


O carro ficou completamente destruído. Ela era a única pessoa no veículo e foi encaminhada para o Complexo Hospitalar Astrogildo de Azevedo, onde permaneceu por seis dias, sendo três na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Com as duas clavículas fraturadas, precisou passar por cirurgia e sessões de fisioterapia. O tempo de recuperação foi de 60 dias.


Em julho, Jayne perdeu o controle e colidiu contra um ônibus do transporte coletivo, na RSC-287, a Faixa Nova de CamobiFoto: Gilberto Ferreira


Mais do que as lesões físicas, o estado emocional da jovem também foi abalado. Ela lembra que estava na UTI quando ficou sabendo da impossibilidade de reparos em seu Fusca:


– Eu ainda estava tentando assimilar o que havia acontecido, mas não fazia ideia de como estava o Naza. Imaginava que ele estava em casa e que eu o consertaria depois que tudo passasse. Foi quando passou na TV da UTI uma reportagem falando do acidente e eu descobri o que realmente tinha acontecido. Eu fiquei muito nervosa. Foi um choque porque eu perdi meu amigo, eu conversava com ele. Era uma ligação muito maior do que só um bem material. Eu precisei ressignificar a minha perda.


Com ajuda de profissionais da psicologia, a jovem conta que conseguiu superar os traumas do acidente e da perda do veículo.



RECOMEÇO

A história de Jayne sensibilizou amigos, pessoas próximas e até mesmo quem não a conhecia. Em um financiamento coletivo, foram arrecadados cerca de R$ 7 mil para a aquisição de um novo Fusca


– Eu sabia que o Naza era muito mais do que um bem material para ela. Eu desenvolvi essa ação sabendo que ela ficaria muito feliz e que isso impactaria de maneira muito positiva na vida dela – afirma Laís Lima, amiga e organizadora do financiamento.


Jayne demonstra o amor pelos antigos carros por meio de duas tatuagens nas panturrilhasFoto: Nathália Schneider


Com o dinheiro, Jayne conseguiu comprar o "Zezé", um Fusca branco que, embora precise de alguns reparos, já conquistou o coração da nova dona.


– Eu sempre coloco nomes nos carros. O Zezé foi inspirado em Nazaré para reforçar minha transformação após o acidente. Não posso negar que tive dúvidas sobre o que seria de mim após o acidente. Sentimentalmente, eu tinha perdido algo muito importante – conta a jovem, animada com o novo veículo.


Nesta nova etapa da vida, Jayne só pensa nos momentos de felicidade que ainda terá com o novo Fusca. Mas isso não quer dizer que ela vai esquecer das suas primeiras paixões. Uma pequena amostra desse sentimento está registrada em suas panturrilhas. Em forma de homenagem, o "Hijo" e o "Nazaré" estão tatuados em suas duas pernas.

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