Foto: Vinicius Becker
A decisão do Tribunal de Justiça Desportiva do Rio Grande do Sul (TJD-RS), que determinou que o Inter-SM jogue três partidas com portões fechados na Série A do Gauchão 2026, é daquelas que merecem reflexão. De fato, a súmula da partida e as provas apresentadas são claras: houve arremesso de objetos ao gramado, incluindo uma pedra que, de forma inaceitável, atingiu um jogador do Novo Hamburgo. Isso não é apenas uma infração ao regulamento, mas uma agressão que fere o espírito esportivo e coloca em risco a integridade de quem está em campo.
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O Inter-SM tem, sim, a responsabilidade de identificar o autor desse ato criminoso e punir exemplarmente. O torcedor que atira uma pedra em direção a atletas não pode, em hipótese alguma, ser tratado como alguém que ama o clube. Não é torcedor: é agressor.
Mas a punição imposta pelo tribunal extrapola a medida justa. Jogar três partidas sem torcida significa não apenas castigar o clube, mas penalizar também a cidade de Santa Maria e o próprio campeonato. É público e notório que o Inter-SM foi, em 2025, o time da Divisão de Acesso que mais levou torcedores ao estádio. Santa Maria voltou a respirar futebol, depois de longos 14 anos fora da elite, e agora é obrigada a conviver com uma decisão que, em vez de fortalecer a competição, a enfraquece.
A Federação Gaúcha de Futebol (FGF) deveria se preocupar: está afastando torcedores, patrocinadores e reduzindo o espetáculo. Um Gauchão com estádios vazios não interessa a ninguém. Além disso, não é preciso ir longe para lembrar que, em episódios muito mais graves, envolvendo os gigantes da Capital, as punições foram muito menos severas. Essa disparidade de critérios reforça a sensação de injustiça.
Espera-se que a diretoria do Inter-SM seja firme na apelação e consiga reverter a decisão. Afinal, uma sanção desproporcional como essa pode comprometer a temporada inteira do clube em 2026, justamente no ano em que retorna à Série A do Campeonato Gaúcho. O futebol precisa de regras, mas também de equilíbrio e coerência.
Santa Maria não pode ser punida por atos isolados de quem não representa a paixão alvirrubra. O futebol gaúcho só tem a perder com uma decisão como essa.