Foto: Isabel Cristina Dias Bento (Arquivo Pessoal)

Cerca de 2 mil quilômetros separam Santa Maria do município de Barra do Garças, no interior do Mato Grosso. Mas a distância entre as duas cidades não impossibilitou que uma aluna do 3º ano do Ensino Médio da Escola Estadual Nossa Senhora da Guia ficasse alheia à tragédia da boate Kiss, que matou 242 pessoas e feriu mais de 600 em 27 de janeiro de 2013 na cidade gaúcha.
Por meio de um projeto científico da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Isabel Cristina Dias Bento (foto ao lado), 17 anos, criou uma placa de isolamento acústico que demora de 10 a 20 minutos para pegar fogo e não libera fumaça tóxica. A espuma usada no isolamento da boate Kiss, por exemplo, teve combustão imediata.
Desde maio deste ano, Isabel e o professor Márcio Andrade, da UFMT, estudaram os usos da casca de baru - um fruto típico do cerrado - para criar a placa de isolamento acústico. A ideia, segundo a estudante, era buscar uma solução para os problemas cotidianos de uma forma mais sustentável.
- Eu tinha 13 anos quando vi, em todos os jornais, a tragédia. Sempre tive curiosidade na área da ciência e, depois de uma palestra feita na escola, me interessei em participar deste projeto. Estudamos muito e descobrimos que a casca de baru serve como um material capaz de isolar de uma forma mais eficiente os locais como a boate, já que a fumaça que ela solta não é tóxica e, diferente das demais espumas utilizadas, a casca de baru leva de 10 a 20 minutos para pegar fogo - comentou Isabel.
TESTES
Na tarde de terça-feira, um primeiro teste com uma das placas criadas por Isabel passou por testes no pátio da escola. Na próxima semana, um novo teste com uma placa maior, e presença da equipe do Corpo de Bombeiros da cidade, deve ser realizado. Até lá, a estudante precisa trabalhar na construção da placa, que deve ser um quadrado de cerca de 1m40cm, e leva em torno de cinco dias para ficar pronta.
A alegria da estudante em relação ao sucesso do trabalho é tanta que chegou a gerar dúvidas sobre o futuro que ela quer seguir.
- Eu tive o apoio de todos os professores da escola e fico até arrepiada em falar sobre isso. É claro que não tem como mudar o que aconteceu (referindo-se à tragédia da boate Kiss), mas eu acredito que esse projeto possa ser capaz de evitar outras tragédias. No início, não pensei que fosse dar certo, mas foi maravilhoso quando vi o resultado. Como eu termino a escola neste ano, estava pensando em cursar Direito, mas, agora que descobri a ciência, estou até em dúvida sobre o que vou fazer. Acho que este foi só o começo.
PRÊMIOS
O projeto de Isabel vai passar, agora, por análise que vai definir se ele será um dos 25 selecionados para concorrer à 5ª edição do prêmio Samsung Respostas para o Amanhã, que vai premiar três projetos a nível nacional. Ele também concorre ao prêmio Jovem Cientista, que terá os finalistas serão conhecidos em outubro deste ano.