Foto: Vinicius Becker (Diário)
Registro de belas árvores às margens da Faixa Nova de Camobi
Paisagens preenchidas por galhos volumosos, folhas e frutos que enchem os olhos, além dos benefícios de um ar mais limpo e da sombra presente no cotidiano. A chegada do Dia da Árvore, neste domingo (21), ganha um significado especial em Santa Maria: o município está prestes a dar um passo decisivo para consolidar o plano de arborização urbana, aguardado há 14 anos. Com ela, serão 3 mil mudas plantadas no município pelos próximos quatro anos, 750 a cada ano.
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A ideia de uma cidade mais verde deve contar com a participação da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), instituição que ficará responsável pelo estudo técnico que orientará o plantio de mudas nativas. De acordo com o secretário de Meio Ambiente, Diego Rigon, e a secretária adjunta, Charlene Stefanel, o planejamento inicial de contratar uma empresa especializada tomou outro rumo após decisão do Ministério Público do Estado (MPRS). Em abril, o prazo previsto para a entrega do estudo era até o fim de 2025, mas poderá se estender devido à mudança de condução do projeto. O acordo entre a prefeitura e a universidade deve ser formalizado nos próximos dias, com a Engenharia Florestal à frente da execução.
– Por própria sugestão do Ministério Público, tendo uma universidade pujante, com muito conhecimento e qualificação técnica, principalmente no curso de Engenharia Florestal, nós tivemos essa mudança de procedimento na construção desse documento técnico – detalha Rigon.
A partir da formalização dessa parceria, a pasta projeta que o estudo deve seguir até 18 meses.
O que prevê o estudo
Nos próximos meses, todas as árvores da cidade – em ruas e parques – serão identificadas. O levantamento incluirá georreferenciamento e catalogação das espécies existentes. Áreas reconhecidas como ilhas de calor ou suscetíveis a alagamentos terão prioridade para receber novas mudas. Essa etapa é considerada essencial para que o plano saia do papel, após o insucesso de uma proposta anterior, aprovada pelo Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Condema) em 2011, mas que nunca foi implementada.
– A questão principal é arborizar a cidade prioritariamente nas ilhas de calor e nas áreas que são mais alagadiças. Também é necessário termos o controle de quantas árvores existem no município e o estado fitossanitário delas, inclusive para preservar edificações e pedestres. Então, o estudo não é só o plantio, mas também o manejo e o acompanhamento de cada árvore – explica Charlene.
Metas para os próximos quatro anos
O secretário lembra que o Plano Plurianual recém-aprovado pelo município já prevê metas concretas para os próximos anos. Serão 3 mil mudas, 750 a cada ano.
Orçamento
Com a definição da parceria, os custos para o levantamento sairão dos cofres municipais, via Condema, que se disponibilizou a efetuar o pagamento. Antes, os recursos viriam de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre o MPRS e um empreendedor, sem envolvimento direto da prefeitura. Segundo Rigon, os valores ainda estão em discussão.
Outra iniciativa
Antes do plano de arborização ser colocado em prática, outra iniciativa deve ocorrer no município. Nesta terça-feira (23), às 10h, cerca de 30 mudas de Pau-Ferro serão plantadas na Avenida Dom Ivo, no final da Rua Venâncio Aires, dentro do projeto municipal “Rua Mais Arborizada”. Novos plantios também estão previstos para os próximos meses. Neste primeiro momento, a prioridade será para locais que já tenham condições adequadas de receber mudas, especialmente de grande porte. Tanto na região central, como nos bairros.
Estudo de ponta
O professor de Engenharia Florestal da UFSM, Jorge Antonio de Farias, ressalta que a participação da universidade no projeto tem relevância não apenas para a comunidade, mas também para a instituição. Ele enfatiza a composição do grupo que será linha de frente nesse desafio. A equipe será multidisciplinar, com docentes das áreas de Ciências Florestais e Engenharia Rural, além da participação de alunos de graduação e pós-graduação.
– O desafio é grande, porque a arborização urbana não é apenas escolher uma árvore bonita para determinada rua. É preciso considerar dimensões de calçadas, distribuição da rede elétrica, altura dos prédios, direção dos ventos, orientação solar e até fatores culturais. As árvores devem estar compatíveis com o meio em que serão inseridas e também integradas ao contexto ambiental e cultural da cidade – contextualiza Farias.
A proposta da UFSM é que o estudo técnico sirva não só como referência para Santa Maria, mas que possa se tornar um modelo replicável em outros municípios, semelhante a um plano diretor de arborização urbana.
– Queremos desenvolver um protocolo que ajude outras cidades a planejar sua arborização de forma técnica e sustentável. Além disso, os estudantes terão a oportunidade de vivenciar na prática problemas que encontrarão na vida profissional, o que também fortalece a formação acadêmica – completa Jorge Antonio.
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