Foto: Ministério Público
A primeira fase da Operação Desarme foi executada na manhã desta terça-feira (17) pelo Ministério Público Militar da União (MPM), em parceria com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul (MPRS), com o apoio da Brigada Militar. A ação cumpriu mandados judiciais de busca e apreensão em mais de 30 municípios gaúchos, incluindo Santa Maria, Rosário do Sul, Jaguari e Júlio de Castilhos.
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De acordo com o promotor de Justiça do MPM, Diego Ruas, a operação visa combater fraudes relacionadas à concessão de registros de Colecionadores, Atiradores e Caçadores (CACs). Segundo ele, os alvos são indivíduos que obtiveram os certificados de forma fraudulenta, omitindo antecedentes criminais graves no momento da solicitação.
— Nesta primeira fase, estamos realizando a busca e apreensão autorizada judicialmente de aparelhos celulares, munições e armas em posse de CACs. Conforme os elementos investigativos, muitos desses indivíduos já foram condenados criminalmente ou respondem a processos por crimes graves, como estupro, homicídio, sequestro, tráfico de drogas e tráfico internacional de armas de fogo — destacou o promotor Diego Ruas.
Ainda segundo o promotor, as investigações apontaram que alguns dos suspeitos possuem ligações com facções criminosas, o que fortalece o poderio bélico dessas organizações.
A operação desta terça-feira mobilizou mais de 360 agentes e resultou na apreensão de armas, munições e celulares. Ruas reforçou que a ação é um passo importante para impedir que o comércio e o uso indevido de armamentos continuem beneficiando o crime organizado.
O caso
A Operação Desarme foi desencadeada em Santa Maria e outros 33 municípios do Rio Grande do Sul, além de Bombinhas, em Santa Catarina. Coordenada pelo Gaeco/MPRS e pelo MPM, com o apoio da Brigada Militar e da Susepe, a ação identificou a obtenção fraudulenta de registros CAC por indivíduos ligados ao crime organizado. Durante a investigação, foram encontrados nove CACs com fortes indícios de ligação com facções criminosas e 141 armas irregulares.
Os mandados judiciais cumpridos visaram desarticular um esquema que permitia que criminosos obtivessem certificados de forma ilegal, omitindo seus antecedentes criminais e adquirindo armamentos. Além de armas e munições, um drone e diversos documentos foram apreendidos durante a operação.
O promotor João Afonso Beltrame, do Gaeco, destacou que a operação retira de circulação armas em poder de criminosos, reduzindo o risco de novos crimes e fortalecendo o combate ao tráfico de armamentos no Estado.
Santa Maria
Pelo menos metade dos 82 mandados foram cumpridos em Santa Maria, evidenciando a relevância estratégica do município na operação. Embora o MP não tenha divulgado detalhes, a reportagem do Bei apurou que entre os investigados está um professor universitário de Santa Maria, condenado por estelionato. O suspeito possui cerca de 40 armas registradas como CAC, e a investigação busca determinar se ele repassava armamentos para criminosos. O que chamou a atenção do MPM foi a quantidade de armas em nome do professor, que, devido à condenação, não teria direito a registro de caçador esportivo.