caso lázaro

Menino de 8 anos foi morto por disparo acidental da arma do pai do amigo, diz delegada

Foto: Renan Mattos (Diário)

Pouco mais de uma semana depois da morte de um menino de 8 anos no Bairro Caturrita, em Santa Maria, a Polícia Civil convocou uma coletiva de imprensa na tarde desta sexta-feira para dar detalhes da investigação da morte de Lázaro Augusto Fernandes Peres (foto abaixo). Ele foi encontrado caído sem vida no pátio em frente a casa de um amigo, no dia 19 de junho deste ano, com marcas de disparo de arma de fogo em um dos olhos.

Polícia não descarta versão de que menino levou tiro na casa de amigo

Conforme a titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), Luiza Santos Sousa, que esteve à frente da investigação, Lázaro foi morto por um disparo acidental, efetuado com a arma do pai de seu amiguinho, que tem 9 anos. Inicialmente, o menino havia dito à delegada que Lázaro chegou já ferido no local, pedindo por socorro. O amigo teria aberto a porta da casa e perguntado o que havia acontecido, quando Lázaro caiu. Entretanto, em um novo depoimento, o menino confessou ter disparado por acidente, enquanto tentava mostrar a arma para o amigo.

- No primeiro momento, tínhamos a linha de investigação de que ele teria chegado já ferido na residência. Mas, dentro do possível, as coisas não se encaixavam. Fomos buscar provas no local e, no final da tarde do dia do crime, o pai do menino entregou uma arma que, no primeiro momento, entendemos que nada tinha a ver com o crime, porque foi uma entrega espontânea por parte do pai. Cães farejadores foram usados e não encontraram nada de vestígios de pólvora na casa e na criança. A partir daí, começamos a ouvir testemunhas. Os depoimentos mais relevantes foram das testemunhas, amigos dos dois meninos. Os meninos disseram que tinham sido convidados pelo amigo para ver uma arma de fogo dentro da casa dele, mas que não aceitaram. Só quem aceitou foi o Lázaro. A partir daí, ouvimos, de novo, o menino. Ele acabou confessando que mostrou a arma de fogo para o Lázaro e, por acidente, a arma disparou. Ele contou, então, que arrastou o amigo para fora da casa, limpou o sangue com panos de prato e os jogou fora. Ele relatou que mentiu porque teve muito medo que os pais fossem presos - relatou a delegada na coletiva de imprensa.

Veja a coletiva:


Conforme a delegada, os pais do menino só ficaram sabendo do fato depois que ele disse o que havia acontecido. Com a confissão, a polícia pediu exames de vestígios de pólvora nas mãos do menino, que deram negativos. Porém, depois de o menino confessar a autoria, a polícia encontrou os panos de prato no local indicado por ele, em um terreno que fica aos fundos da casa da família.

- Achamos os panos de prato que ele indicou e, por meio de perícia, nos locais por onde o corpo foi arrastado, achamos vestígios de sangue. Foi uma fatalidade. Ele queria mostrar a arma e acabou puxando o gatilho, o que não é difícil acontecer com quem não sabe manusear uma arma. Não houve briga entre eles. Os dois eram muito amigos. Durante todo esse tempo, ele manteve em sigilo da versão verdadeira, Nós conversamos com ele antes de ele falar com os pais - afirmou a Luiza.

Jovem é esfaqueado em Santa Maria

Questionada a respeito da possibilidade de  uma criança de 9 anos ter forças para efetuar um disparo, Luiza afirmou que o menino já fazia aulas de lutas e que possuía força suficiente para puxar o gatilho, mesmo que por acidente. 

FINALIZAÇÃO DO INQUÉRITO
Agora, o menino será acompanhado pelo Conselho Tutelar. Ele vai receber atendimento, que inclui acompanhamento psicológico e psiquiátrico. Para a delegada, ficou claro que não houve participação de outras pessoas no crime, já que os meninos estavam sozinhos em casa. Mesmo assim, o pai do amigo de Lázaro deve responder por posse irregular de arma de fogo e receptação, pois a arma usada no crime havia sido roubada.

O advogado da família de Lázaro, Tiago Souza, disse que os pais do garotinho estão desolados.

- Eles eram amigos e, infelizmente, foi um acidente, uma fatalidade. Desde o início, a família queria uma resposta rápida para o caso, e a Polícia Civil se empenhou em dar esse retorno. Fica o alerta, agora, para as famílias, porque sabemos que havia muito conteúdo de violência no celular do amigo. Muitos vídeos mostrando armas de fogo. Com certeza, isso foi um agravante e estimulou que acontecesse esse acidente - comentou.

A Polícia Civil aguarda, agora, o resultado da necropsia para concluir o inquérito.

O CASO
Lázaro foi encontrado caído, já sem vida, no pátio da casa do amigo, no dia 19 de junho deste ano, no Bairro Caturrita. A perícia apontou que o menino tinha marcas de disparo de arma de fogo em um dos olhos. A Polícia Civil passou a investigar a morte do garotinho depois que o amigo contou que ele já havia chegado ferido no local. Entretanto, a versão foi contestada, desde o início, pela família de Lázaro, que acreditava que o menino havia sido baleado dentro da casa. 

Em entrevista ao Diário, no dia do velório do menino, uma das tias de Lázaro chegou a comentar que, ao chegar no local, encontrou o menino com marcas de que havia sido arrastado. 

- Sabemos que ele foi arrastado de dentro da casa onde aconteceu tudo, porque ele tinha marcas de terra no corpo e estava com as roupinhas levantadas. Para nós, é uma situação muito delicada, porque são muitas versões e nós precisamos de respostas - falou, à época, a tia.

No mesmo dia, uma cavalgada em homenagem ao menino foi realizada. Familiares e amigos saíra da Capela Bela União, no Bairro Caturrita, por volta das 17h, em direção ao Cemitério Jardim da Saudade, no mesmo bairro, onde aconteceu o sepultamento. No trajeto até o cemitério, houve buzinaço, palmas e gritos por 'justiça'.

ALERTA

O atirador esportivo Rafael Pagnon Cunha, que também é juiz da Vara da Paz Doméstica de Santa Maria, deu orientações sobre os cuidados necessários dos pais que possuem armas em casa. Segundo ele, a arma de fogo é tão perigosa quanto uma faca de cozinha. Veja os cuidados nesses casos:

  • Manter a arma em cofres ou locais chaveados
  • Guardar a arma sem munição
  • A manutenção de arma em casa nunca pode ser um segredo. Ela sempre tem que envolver a família, porque a arma vai ser um instrumento de defesa ou para a prática de esporte
  • Desmistificar o uso da arma. No trato com as crianças, quanto mais segredo houver, mais vai despertar curiosidade. Portanto, é preciso explicar os perigos e a utilidade da arma de fogo
  • Orientar os filhos que, quando quiserem ver a arma, chamem os pais
  • Chamar a atenção dos pequenos para que nunca estejam perto de uma arma sem a presença de um adulto

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