no Estado

Sociedade Riograndense de Infectologia alerta para crescimento acelerado do coronavírus

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data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)

O avanço da epidemia por coronavírus no Estado tem preocupado especialistas e médicos gaúchos. No domingo, a Sociedade Riograndense de Infectologia (SRGI) publicou uma nota de alerta sobre a grave situação epidemiológica da Covid-19 no Rio Grande do Sul.  

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De acordo com o documento, o crescimento acelerado de casos impacta diretamente na capacidade de atendimento hospitalar, particularmente em Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Com isso, a velocidade de propagação gera demanda adicional ao sistema de saúde, impactando na assistência a outras doenças.

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Só em Porto Alegre, houve um crescimento de três vezes do número de casos confirmados e mortes, sendo que o total de óbitos por Covid-19 duplicou nas duas últimas semanas, conforme a SRGI.

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A diminuição de recursos humanos por adoecimento de profissionais de saúde também é uma preocupação da entidade, que entende que "as medidas adotadas até o momento serão insuficientes para conter a pandemia que está evoluindo para um grave comprometimento do atendimento de pacientes com Covid-19 e daqueles que apresentam outras doenças".

Os especialistas que assinam a nota alertam, ainda, para que os gestores, setores empresariais e de trabalhadores planejem, desde já, estratégias para que a população, sobretudo os grupos mais vulneráveis, consiga enfrentar medidas de isolamento mais rigorosas antes de atingir o colapso do sistema de saúde.

Confira a nota na íntegra:

"NOTA DE ALERTA SOBRE A GRAVE SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DA COVID-19 NO RS

Porto Alegre, 12 de julho de 2020.

Conforme dados oficiais da Secretaria Estadual de Saúde (SES), o Rio Grande do Sul atingiu mais de 35 mil casos de COVID-19 e mais de 800 pessoas perderam a vida;

Em Porto Alegre, foram confirmados mais de 4 mil casos e pelo menos 141 pessoas já morreram devido a COVID-19. No último mês houve um crescimento de 3 vezes do número de casos confirmados e mortes, sendo que o total de óbitos por COVID-19 duplicou nas duas últimas semanas;

A epidemia está em crescimento acelerado no Rio Grande do Sul, determinando impacto na capacidade de atendimento hospitalar, particularmente em Unidades de Terapia Intensiva;

A velocidade de propagação da epidemia gera demanda adicional ao sistema de saúde que já enfrentava sobrecarga prévia ao surgimento da epidemia, impactando na assistência a outras doenças.

A diminuição de recursos humanos por adoecimento de profissionais de saúde é uma realidade e agrava ainda mais a situação dos hospitais.

Neste momento crítico da pandemia é essencial afirmar que:

1 - É preciso evitar exposições preveníveis à COVID-19, estabelecendo como prioridade a defesa incondicional da vida das pessoas;

2 - Entendemos que as medidas adotadas até o momento serão insuficientes para conter a pandemia que está evoluindo para um grave comprometimento do atendimento de pacientes com COVID-19 e daqueles que apresentam outras doenças;

3 - É essencial que todos setores da sociedade - gestores, setores empresariais e de trabalhadores - planejem, desde já, estratégias para que a população, sobretudo os grupos mais vulneráveis, consiga enfrentar medidas de isolamento mais rigorosas que serão necessárias para efetiva modificação da evolução da pandemia;

4 - Esperamos que medidas mais rigorosas sejam consideradas e organizadas antes do atingimento do colapso do sistema de saúde, cenário que acarretará diversas mortes evitáveis.

Diretoria da Sociedade Rio-Grandense de lnfectologia

Comitê ad hoc COVID-19 (Alexandre V. Schwarzbold, Alexandre Prehn Zavascki, Ronaldo Campos Hallal e Diego Rodrigues Falci)"

Como foi a repercussão local: 

"O número de casos novos está aumentando tão rapidamente que teremos ainda mais contaminados, e que vai ser muito difícil controlar tudo, sem uma medida radical. Aqui em Santa Maria, temos um fenômeno um pouco diferente do resto do Estado. Tivemos um pico, há três semanas, das curvas de crescimento, pelo surto que houve no Hospital de Caridade, e, que, agora, foi controlado. Se formos falar do Estado, principalmente a Região Metropolitana, está em uma situação muito preocupante porque os dados não mostram somente a ocupação de leitos, que é um marcador. Quando aumentamos muito o número de casos, podemos alcançar números incontroláveis de crescimento desses casos e no Estado está crescendo muito rápido"

Marcos Lobato, médico epidemiologista da prefeitura de Santa Maria

"O que me preocupa com as medidas restritivas em vários locais é com a migração de pessoas de áreas de alto risco para locais de baixo risco. Com isso, se observa uma interiorização da doença. Aqui em Santa Maria, estamos com uma trégua aparente, apesar de estarmos fazendo muitos diagnósticos. As pessoas precisam ter atenção, também, em não demorar para procurar atendimento. O discurso de ficar em casa era porque nós não tínhamos uma estrutura de saúde pronta. Agora, nós temos. A pessoa que começou com com um quadro gripal, precisa procurar atendimento. Tem gente que chega com 80% do pulmão comprometido e precisa ir direto para a UTI. Os sintomas de alerta são falta de ar, febre persistente, cansaço. Se sentir algum desses sintomas, não fique em casa. Procure um serviço de saúde"

Jane Costa,  médica infectologista 

"Santa Maria está em uma situação controlada. É uma das maiores cidades do Estado que não está com bandeira vermelha. Não estamos em uma situação confortável, estamos em alerta. Temos de continuar tendo os hábitos de higiene. A preocupação é com a saúde, mas também com a economia do município e do Estado. Se tivermos medidas mais restritivas do que temos agora, não saberia dizer quais as consequências. É provado que o comércio não é um foco de contaminação"

Marli Rigo, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL)

"Estamos repassando aos associados e empresários todas as informações que a prefeitura nos passa, principalmente em relação às normas de segurança. Todos os restaurantes e hotéis de Santa Maria estão qualificados e aptos para atender clientes e hóspedes. O que nos preocupa muito é a questão das pessoas circulando sem máscaras e realizando aglomerações. Isso, futuramente, pode acarretar uma mudança de bandeira. E, mudando para vermelha, temos o fechamento dos estabelecimentos de novo. A cada vez que a gente é impedido de abrir o nosso negócio, temos uma perda de 70% ou mais nas vendas"

Emerson Nereu, presidente da Associação de Hotéis, Restaurantes, Agências de Viagem (Ahturr)

"Não acredito que o fechamento seja a solução. Se tivessem fechado as fronteiras no início, antes do vírus chegar, resolveria o problema. Mas, agora, o vírus está estabelecido, ele é comunitário. O vírus já está nas casas. Ficou provado que os vírus não está dentro das empresas. O local mais seguro para ficar é dentro das empresas. Não existe como controlar isso porque o vírus já está aí. A única solução é melhorar os testes. É o Estado se preparar com mais hospitais e mais tratamento. O que a gente percebe é que o Estado está sacrificando o setor trabalhista. Os médicos não estão se dando conta disso. O Estado não se preparou para atender essa pandemia e está sacrificando o setor produtivo"

Ademir José da Costa, presidente do Sindilojas

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