Santa Maria realizou o primeiro transplante de microbiota fecal da região. O procedimento foi feito em um paciente idoso, no Complexo Hospitalar Astrogildo de Azevedo, e representa um marco para a medicina local. A intervenção foi conduzida pelas médicas Caroline Caurio, gastroenterologista e nutróloga, e Liliane Pacheco, infectologista, com apoio da equipe da Clínica de Endoscopia Alcides Brum e da biomédica do Laboratório Labimed Louise Horauen da Silva. O paciente, um homem com diagnóstico de colite pseudomembranosa refratária, sofria de infecção recorrente causada pela bactéria Clostridioides difficile, condição que nem sempre responde adequadamente ao tratamento com antibióticos.
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– Foi um dia histórico para Santa Maria. Esse procedimento só foi possível graças à parceria, ao pioneirismo da doutora Liliane Pacheco e ao trabalho integrado das equipes envolvidas – ressalta a médica Caroline.
Mas muitas pessoas ainda se perguntam: afinal, o que é o transplante de microbiota fecal? Caroline explica:
– O transplante de microbiota fecal consiste na transferência de bactérias intestinais saudáveis de um doador rigorosamente selecionado para o intestino de um paciente. O objetivo é restaurar o equilíbrio da microbiota intestinal, que desempenha papel fundamental na digestão, na imunidade e na saúde geral do organismo. Para isso, uma amostra de fezes do doador é coletada, analisada, processada e, posteriormente, introduzida no intestino do paciente por via endoscópica. Atualmente, a principal indicação do procedimento é o tratamento de infecções recorrentes por Clostridioides difficile, uma das causas mais graves de diarreia associada ao uso de antibióticos.
Segundo a médica, os resultados nesse contexto são bem estabelecidos na literatura científica.
– A ciência já investiga o uso do transplante de microbiota fecal em outras condições, como doenças inflamatórias intestinais, síndrome metabólica e até alguns distúrbios neurológicos, como autismo e Parkinson. No entanto, fora da infecção por C. difficile, esse procedimento ainda é considerado experimental e deve ser realizado apenas com indicação médica, em ambiente seguro e no contexto de pesquisa – afirma Caroline Caurio.
