Preço do gás de cozinha, em Santa Maria, diminuiu em torno de 10%; o menor preço encontrado é de R$ 99

Depois de quase quatro anos de aumento, o preço do botijão de gás de cozinha apresenta queda em Santa Maria. Tanto o valor de entrega quanto de retirada do botijão de 13 quilos está menor se comparado a março do ano passado. Em pouco mais de um ano, o valor da entrega diminuiu R$ 11, ou seja, uma queda de 9%. Já para retirar nos locais de revenda, o preço diminuiu em média R$ 12, o que representa uma variação de 10%.

​+ Receba as principais notícias de Santa Maria e região no seu WhatsApp

​

A baixa no valor do preço do botijão de gás de cozinha é decorrência de diversos fatores, como a queda do dólar, a mudança nas regras do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e o anúncio da nova política de preços de combustíveis estabelecidos pela Petrobrás. A reportagem pesquisou o preço em sete estabelecimentos de Santa Maria e constatou que o maior valor encontrado é de R$ 115 e o menor é de R$ 110 (entrega). Já o maior preço da portaria é de R$ 105 e o menor de R$ 99.

Em março de 2022, o cenário era bem crítico para a população, já que foi registrado um aumento de R$ 34 e um reajuste de 45% em relação ao mesmo período do ano anterior, 2021. O maior preço analisado, na época, era R$ 124,90 (o valor da entrega), e R$ 115 (valor da portaria). 

Conforme pesquisas de reportagens, 2022 foi o ano que apresentou o gás mais caro ao consumidor.

No ano passado, um levantamento realizado pelo Diário mostrou uma comparação da porcentagem do preço do botijão com o salário mínimo, que estava R$1.212. O valor do gás representava 10% do salário mínimo brasileiro. Já em comparação com o salário deste ano (R$ 1.320), o maior valor encontrado, atualmente na cidade, representa 8,78% do pagamento mínimo.

Por que o preço do botijão diminuiu?

Conforme o professor substituto do Departamento de Economia e Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Rafael Pentiado Poerschke, desde o início da pandemia, o valor do dólar aumentou, ocasionando um aumento de preços generalizados. O economista ressalta que a guerra na Ucrânia também afeta o preço do barril de petróleo no contexto internacional.

– O congelamento do ICMS, do antigo governo, foi uma maneira de tentar diminuir o valor repassado para o consumidor. Agora, voltou a cobrança nessa nova alíquota, são várias mudanças que causam essa baixa. Temos a mudança nos impostos que incidem no produto e com a nova política para preço da Petrobrás, ela descola-se da paridade internacional.

Em maio de 2023, a Petrobrás anunciou o fim da política de paridade de importação, que  determina o preço dos combustíveis com base na cotação do dólar e do petróleo no Exterior. Ou seja, agora, os reajustes continuarão sendo feitos sem uma periodicidade definida e a empresa, com a nova medida, tenta evitar repasses da volatilidade dos preços internacionais aos consumidores brasileiros. 

De acordo com o professor, a baixa é decorrente de um cenário conjuntural, com o país com um novo governo, alguns setores da economia e o PIB (Produto Interno Bruto) mostrando sinais de reação.

Também em maio de 2023, por definição do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), o valor foi unificado em todos os Estados para R$ 1,2571 por quilo do combustível (GLP).  A mudança foi determinada pela Lei Complementar n° 192, aprovada em junho de 2022, prevendo a unificação das alíquotas de ICMS cobradas sobre combustíveis (gasolina, etanol anidro combustível, gás liquefeito de petróleo, diesel e biodiesel).

– O Brasil, em nível internacional, está sendo olhado com outros olhos. Agora, estamos resgatando um pouco de confiança externa. Mas, claro, isso é apenas uma das razões. Outra questão é o preço do ICMS. Agora é um valor fixo para todo o Brasil, porque cada Estado cobrava diferente. E se o dólar continuar caindo, vamos continuar vendo as baixas, porque as altas vão ser menos frequentes, a princípio – afirma o economista. 

Valor do botijão diminuiu 9% em relação ao ano passado

A reportagem consultou o preço atual do botijão de 13 quilos em sete estabelecimentos da cidade. O maior preço é de R$ 115,90 (para entrega) e R$ 105 (valor da portaria). O menor valor de entrega é de R$ 110 e de R$ 99 (portaria). O proprietário da Guigus Gás, Gustavo Silveira, 40 anos, comenta que, neste ano, o preço já apresentou uma alta significativa, mas agora aparenta estar em uma fase apenas de queda.

– Em 2023, chegamos com um valor bem alto, de R$ 125, depois começou a baixar, foi para R$118, e agora conseguimos manter com essa baixa em R$ 115 (no valor da entrega). Também conseguimos fazer por R$ 100 (portaria) para quem paga no dinheiro ou no pix. 

Todos os estabelecimentos analisados pela reportagem apresentaram uma redução no valor do botijão, em relação a março de 2022. A diminuição fica entre R$ 9 e R$ 14 (na entrega), uma baixa que não ultrapassa 12%. Já no valor da portaria, a redução é maior, entre R$ 5 e R$ 16, variação de até 13%

Em seis anos, analisando o maior valor (de entrega) de 2017 e de julho de 2023, a variação foi de 69,11%. O consumidor, agora, gasta mais R$ 47 para comprar um botijão de gás de cozinha.

A variação dos preços entre 2017 e 2023

2017 

• Valor da Portaria – R$ 55
• Valor da Entrega – R$ 68 

2018  

• Valor da Portaria – R$ 65
• Valor da Entrega – R$ 70

2019

• Valor da Portaria – R$ 65
• Valor da Entrega – R$ 67

2020 

• Valor da Portaria – R$ 59,90
• Valor da Entrega – R$ 78

2021 

• Valor da Portaria – R$ 77
• Valor da Entrega – R$ 90

2022 

• Valor da Portaria – R$ 109,90
• Valor da Entrega – R$ 124 

2023 

• Valor da Portaria – R$ 99
• Valor da Entrega – R$ 115,90