Foto: Norton Avila (Rádio Integração, Reprodução)
Quatro dos cinco réus acusados de participar do assassinato da adolescente Gabriela Ferreira Glasenapp, de 15 anos, foram condenados pelo Júri Popular realizado em Restinga Sêca. De acordo com informações da Rádio Integração, o julgamento, que se estendeu por dois dias no Fórum da Comarca, encerrou por volta das 23h50min de quinta-feira (11). O crime ocorreu em 14 de novembro de 2021.
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O Conselho de Sentença fixou as seguintes penas:
- Tiago dos Santos Rosa:condenado a 13 anos, 8 meses e 15 dias de reclusão em regime fechado pelos crimes de ocultação de cadáver e organização criminosa
- Vinicio Gentil Souza: condenado a 17 anos e 3 meses de prisão em regime fechado por extorsão qualificada e organização criminosa.
- Patrick Rafael Mera da Silva: recebeu a pena mais elevada — 42 anos, 3 meses e 15 dias de reclusão em regime fechado — pelos crimes de homicídio triplamente qualificado consumado, ocultação de cadáver e organização criminosa.
- Kamila Bartelt Ferreira da Silva: condenada a 15 anos e 4 meses de reclusão em regime fechado pelos crimes de extorsão qualificada e organização criminosa.
- O quinto acusado, apontado pelo Ministério Público como o mandante do homicídio, foi absolvido pelo Conselho de Sentença.
O júri foi presidido pela juíza Rosangela Vieira. A acusação esteve a cargo dos promotores Sara Weiser Martins e Lucas Cruzeiro Codeceira. Na defesa, atuaram os advogados Evelyn Moraes dos Santos, Luiz Guilherme de Oliveira Alvarez, Suelen Braga Rosa, Suelen Carvalho de Freitas, Andressa da Silva Zanini e Leonardo Sagrilo Santiago.
O crime
Gabriela, à época com 15 anos, foi executada com dois tiros na cabeça e enterrada em uma cova, de cerca de 40 centímetros, em uma área de mata na Vila Pelizáro, em Restinga Sêca, em 14 de novembro de 2021. O corpo só foi encontrado no início do mês de dezembro devido ao trabalho de busca que envolveu Polícia Civil, Brigada Militar e Corpo de Bombeiros, com auxílio de um cão farejador, que localizou o ponto onde a vítima estava enterrada.
O último contato da adolescente com a família ocorreu no dia em que sumiu. À tarde, a mãe de Gabriela recebeu uma chamada pelo celular da filha. Na linha, um homem e duas mulheres afirmavam que a adolescente teria uma dívida.
Segundo a mãe, a filha também estava na ligação. A mulher relatou ter transferido R$ 450, conforme exigência de resgate dos criminosos. Depois disso, não conseguiu mais falar com a adolescente.
A investigação apontou que a dívida seria ligada ao tráfico de drogas. Na época, o delegado regional Sandro Meinerz explicou que a identificação da área onde o corpo estava enterrado só foi possível após a análise de centenas de imagens de câmeras de segurança.
Uma delas mostrou Gabriela caminhando ao lado de um casal, que a conduz até o local do crime. As imagens registram o trio às 17h25min e, cerca de meia hora depois, o casal retorna sem a jovem.
Reconstituição e investigação
Cerca de cinco meses após o crime, foi feita a reconstituição do crime, solicitada pelo Ministério Público. A ação ocorreu em diferentes pontos da cidade, incluindo a casa onde Gabriela teria permanecido antes de ser levada para a mata.
Conforme a Polícia Civil, duas pessoas teriam executado a adolescente, enquanto outras três foram ao local do crime após a execução, abriram a cova e enterraram a vítima, participando da ocultação do corpo. Todos eram subordinados ao líder de uma facção que comandava as ações diretamente da Região Metropolitana.
Áudios de ameaça
Dias antes do corpo ser localizado, a mãe de Gabriela recebeu uma série de mensagens por áudio, em tom de ameaça.
– Eu vou matar, porque ela nem merece a mãe que tem. Já prepara o caixão – teria dito um dos acusados.
– Ela tá se estragando... vai perder a vida dela – relata em áudio, um dos acusados pela morte da adolescente.
– Dá uma pesquisada no que a gente faz. Tua filha vai morrer por R$ 450 – teria ameaçado um dos acusados, em áudio enviado para a mãe da jovem.