As quatro estações do tempo humano: ciclos da vida

As quatro estações do tempo humano: ciclos da vida

Quando o tempo aprende a florir por dentro

Como sempre acontece, ao escrever minha cartinha para a chegada do novo ano, o calendário se deita para nascer outra vez. Mas naquele ano, em especial, ao abrir a janela interna da minha alma, percebi que o Ano Novo não chegava apenas com os fogos, ele chegava com os perfumes das flores e com os desejos de transformação. Assim como a primavera, especialista em renascimentos, que nos lembra que nada se abre por imposição. Brotar exige riscos silenciosos. A flor só existe porque, um dia, a semente ousou rachar. E então me pergunto, diante desse novo ciclo, qual parte de mim precisa florir? Que medo precisa virar pétala? Que sonho, sufocado pelo pó do tempo, volta a pedir espaço? A primavera diz que a vida recomeça quando temos coragem de renascer por dentro, mesmo que ninguém veja o primeiro broto. Mesmo que a mudança seja discreta. Começamos o ano como quem nasce outra vez.

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O tempo que nos chama a brilhar sem medo

Ruth Rocha diria que, enquanto o Ano Novo prepara sua entrada, os minutos e as horas se arrumam como quem vai para uma festa. No verão, essa festa se acende no alto de nós. O verão é o tempo do calor, da luz e da intensidade. Ele nos convida a viver sem economia, rir mais, amar mais, existir mais. É o tempo em que o Ano Novo nos chama à ousadia de sermos inteiros. E eu me pergunto se tenho permitido que a minha luz saia para iluminar, ou continuo guardando o melhor de mim para dias mais “seguros”? O verão nos lembra que a vida não se repete. Cada pôr do sol é um aviso de que o brilho de hoje não volta amanhã da mesma forma. Por isso, é tempo de celebrar. De agradecer. De transbordar. O verão é o grito quente da vida dizendo para não adiar o que faz seu coração acelerar.

A elegância da despedida e a arte de deixar ir

O outono chega com seu tom de sabedoria e nos ensina que perder também é uma forma de ganhar. As folhas caem não por fraqueza, mas por inteligência, elas sabem que não podem carregar o velho quando o novo está chegando. E então o Ano Novo pergunta ao meu coração adulto o que precisa cair de mim? Quais hábitos, culpas, pesos e histórias já cumpriram seu papel? O que em mim continua preso a galhos secos que só ocupam espaço? O outono é a estação da honestidade revelando o que é essencial quando tudo o que é supérfluo se desprende. E talvez seja isso que o ciclo do tempo nos pede todos os anos, uma limpeza interna, um adeus necessário, uma coragem de desapego. Para que o futuro tenha onde pousar. Algumas expectativas caem como folhas secas, e entendemos que nem tudo precisa continuar. O outono ensina a selecionar, a agradecer o que foi possível e a soltar o que já cumpriu seu papel.

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O tempo silencioso que prepara o milagre

O inverno é recolhimento. É o terreno úmido onde Deus sussurra os segredos das raízes. É a pausa que ninguém vê, mas que transforma tudo. O Ano Novo deveria começar no frio, no silêncio, na reflexão, na vontade de fazer diferente. E mais uma vez me pergunto, com reverência, o que meu inverno está tentando me ensinar? Que fé preciso reacender? Que força eu nem sabia que tinha? O inverno sabe, o milagre é sempre preparado na escuridão. E é por isso que, quando o relógio marca meia-noite, nós renascemos, não porque o calendário muda, mas porque nossa alma escolhe recomeçar. Assim, o Ano Novo é um ciclo que vira dentro de nós nos convidando à transformação de tudo o que esteja estagnado. A primavera nos abre. O verão nos expande. O outono nos desapega. O inverno nos aprofunda. E, quando 31 de dezembro chega, descobrimos que o tempo não faz apenas mais um giro, mas que a nossa consciência deu mais um passo em direção à sua própria maturidade. Assim como as estações, nós mudamos. E talvez a maior sabedoria seja essa, de permitir-se viver cada fase, entendendo que todo fim carrega um recomeço e que todo ciclo vivido com consciência nos prepara para florescer novamente.

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Daniela Minello

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