"Imagina tu não ter colaborador para preparar a loja, a padaria, a confeitaria", diz representante da Agas sobre impactos da paralisação do transporte em Santa Maria

Foto: Nathália Schneider (Diário/Arquivo)

Em meio aos últimos dias de vendas para as festas de Natal, supermercados de Santa Maria enfrentaram dificuldades operacionais na manhã desta terça-feira (23), em razão da paralisação do transporte coletivo, com impacto direto na abertura das lojas e na rotina de produção. Em entrevista ao vivo no programa Bom Dia, Cidade, Eduardo Stangherlin, da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), detalhou os prejuízos enfrentados pelos supermercados.

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Segundo ele, o dia começou com transtornos para garantir a abertura das lojas, principalmente pela ausência de funcionários que não conseguiram chegar ao trabalho nas primeiras horas da manhã.

— Essa paralisação está nos trazendo alguns problemas, até de gente faltando nas lojas. Teve funcionário que ligou às 6h, 6h30min, até as 7h, porque a gente começa a operação bem cedo, principalmente na produção, e eles não sabiam como chegar.

 Conforme o representante da Agas, houve casos em que os supermercados arcaram com o transporte dos trabalhadores por meio de aplicativos.

— Alguns a gente pediu que viessem de aplicativo, e claro que a empresa vai estar pagando esse transporte, porque para nós o essencial é não parar a operação.

Ele destaca que a paralisação acontece justamente nos dias mais importantes para o setor, quando se concentram as vendas de Natal. 

— É hoje e amanhã (quarta), quando realmente começam as vendas. Imagina tu não ter colaborador para preparar a loja, a padaria, a confeitaria, e depois esperar o cliente vir comprar e não ter as coisas prontas. Então, imagina o sufoco que o supermercadista está passando — disse.

Além das dificuldades internas, Stangherlin avalia que a situação pode refletir diretamente no movimento das lojas, já que parte dos consumidores pode adiar as compras diante da incerteza sobre o deslocamento.

— As pessoas acabam ficando na dúvida: "eu vou sair agora, depois vou conseguir voltar?". Isso impacta, sim, o movimento.

Apesar do cenário pontual desta terça-feira, o dirigente ressaltou que, até aqui, o desempenho das vendas no Estado vinha sendo positivo. Pesquisa recente da Agas indica crescimento médio de cerca de 5% nas vendas entre os dias 1º e 20 de dezembro, na comparação com o mesmo período do ano passado.

— Estávamos otimistas. Tudo indicava um cenário bom, ou pelo menos não negativo.

O cenário varia

No entanto, ele pondera que os resultados variam entre as regiões, especialmente em áreas ainda afetadas por estiagens e enchentes recentes. Em Santa Maria, segundo Stangherlin, o comércio também sente os reflexos da redução do poder de compra das famílias.

Outro fator que preocupa o setor é o endividamento dos trabalhadores, especialmente relacionado a empréstimos.

— Hoje, mais de 20% dos colaboradores estão endividados. Muito desse dinheiro foi para pagar dívidas. Isso é ruim porque não é dinheiro que gira no comércio, ou para fazer um investimento ou adquirir alguma coisa. É para pagar uma dívida que tu tem. Isso compromete o salário da pessoa, o ganho dela para para seu consumo, para suas necessidades, inclusive para sua ceia de Natal.

Para o representante da Agas, a combinação desses fatores acende um sinal de alerta justamente em um dos momentos mais importantes do ano para o setor.





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