estiagem

Mesmo com decretos de emergência, municípios reclamam da burocracia para acesso a recursos

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Foto: Pedro Piegas (Diário)

style="width: 25%; float: right;" data-filename="retriever">A demora no repasse de recursos para o enfrentamento à estiagem tem incomodado os municípios e obrigado as prefeituras a despenderam recursos próprios para as ações emergenciais. Até agora, conforme os prefeitos, existe a promessa de destinação de equipamentos e dinheiro por parte dos governos estadual e federal, mas nada efetivo. 

Agudo, um dos primeiros municípios gaúchos a assinar o decreto, ainda em dezembro de 2021, teve o decreto homologado pelo Estado em 29 de dezembro e reconhecido pela União em 19 de janeiro. Até agora, não recebeu nenhuma destinação dos governos. Há a previsão de construção de 10 açudes pelo Estado, mas isso já estava previsto desde o ano passado. Até agora, foram R$ 500 mil investidos com recursos próprios: três obras de redes água, entrega de água em caminhão-pipa, escavações de açudes e bebedouros e entrega de caixas d'água e mangueiras. 

- Como se trata de um evento que causa prejuízos muito grandes, quanto mais breve for a liberação dos recursos, mais efetiva seria a atuação no combate à estiagem. Se houvesse uma sensibilidade maior do Estado ou União referente à urgência da destinação de recursos, as prefeituras conseguiriam administrar melhor essas situações. Até porque não existe uma previsão orçamentária nas pastas municipais para tratar de estiagem - afirma o secretário de Agricultura de Agudo, Giovane Neu. 

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O prefeito Rossano Gonçalves (PL), de São Gabriel, que está no quinto mandato à frente da prefeitura, já enfrentou períodos de emergência climática algumas vezes nestes anos, sejam com estiagem ou temporais. Nestas ocasiões, reclama que sempre há dificuldades. 

- É uma burocracia muito grande. Nós trabalhamos para vencer essa burocracia. Sempre é amplamente divulgado o apoio dos governos, mas não se materializa em ajuda. Precisamos de um socorro agora, custeio para ajudar as famílias que não têm água para beber e precisam de entrega em caminhão-pipa. Em São Gabriel, contratamos três caminhões e estamos em vias de precisar de um quarto. Sabe qual o custo de um desses caminhões? R$ 50 mil por mês. Toda a despesa está sendo absorvida pela municipalidade. Já nem temos mais esperança de que os recursos cheguem - desabafa Rossano. 

A principal reivindicação das prefeituras é a necessidade de ajuda neste momento, que é considerado o momento crítico da estiagem para atender as demandas urgentes. A sinalização do Estado e da União, entretanto, é de que os recursos não chegarão de imediato. Conforme o prefeito de São João do Polêsine e presidente da AM Centro, Matione Sônego (MDB), a demora dos repasses ainda não foi tema de reunião entre os prefeitos, mas a realidade é a mesma nas cidades da região. 

- A maioria dos municípios está em fase de elaborar um plano e enviar aos governos, solicitando quais recursos são necessários, como diesel para caminhões, horas/máquina, cesta básica... Mas, por enquanto, está na promessa - revela. 

Entre os municípios gaúchos, 392 já assinaram o decreto de situação de emergência. Desse total, 362 já tiveram a homologação estadual e 281 o reconhecimento federal. Todos as 39 prefeituras da Região Central assinaram o documento.

O QUE ESTÁ PREVISTO

O governo do Estado concentrou forças para agilizar o repasse de recursos do Avançar na Agropecuária e no Desenvolvimento Rural, programa apresentado no ano passado. A destinação será de R$ 275,9 milhões para abertura de poços e microaçudes no Rio Grande do Sul. 

A previsão é de destinação de até 10 microaçudes e um poço para cada município. No primeiro momento, serão priorizados aqueles com situação de emergência homologada pelo Estado. A ideia é que sejam formalizados convênios com as prefeituras para que cada uma delas faça as licitações que viabilizarão a escavação dos microaçudes. Os projetos técnicos serão feitos por meio da Emater e beneficiarão os agricultores familiares. 

Por meio de nota, o Ministério do Desenvolvimento Regional informou que ainda não houve repasses de recursos a nível federal, uma vez que a liberação está condicionada à análise pela Defesa Civil Nacional dos planos de trabalho encaminhados pelos municípios. Até o momento, conforme o ministério, estão em análise, pela Defesa Civil Nacional, os planos de trabalho enviados por 40 municípios para a viabilização do repasse de recursos. Esse plano precisa ser elaborado pelas prefeituras juntamente com o decreto de situação de emergência e o laudo de contabilização das perdas. O governo federal não informou previsão para que a análise seja concluída e os repasses efetivados. 

SANTA MARIA

A prefeitura de Santa Maria também informou que ainda não recebeu nenhum recurso ou equipamento dos governo estadual ou federal. Todas as ações até agora são feitas com recursos próprios.

O município confirmou, no entanto, que fez uma série de solicitações para auxiliar no enfrentamento da seca. Ao governo gaúcho, foi pedida a construção de 30 microaçudes em propriedades rurais, o fornecimento de serviços de máquinas e equipamentos para manutenção de vias não pavimentadas, equipamentos para apoio da agricultura familiar, construção de 10 cisternas de distribuição de água e perfuração de cinco poços artesianos. De acordo com a prefeitura, a expectativa é de que o governo formalize os convênios para repassar os recursos para a abertura de poços ainda em fevereiro. 

A nível federal, para o Ministério da Cidadania, o Executivo solicitou 5 mil cestas básicas e construção de outras cisternas. Já para a Defesa Civil Federal, o pedido foi de óleo diesel, horas de caminhão-pipa, cestas básicas e construção de cisternas. Também houve pedido a deputados federais e senadores para que sejam enviadas emendas parlamentares por meio das bancadas e, também, por projetos específicos dos ministérios. Tudo isso ainda não tem previsão para se concretizar. 

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