data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Renan Mattos (Diário)
A pandemia da Covid-19 estende calendário e faz com que 2020 ainda esteja vivo em 2021. O movimento do final do ano passado reflete no começo deste: 95% era a taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensivo (UTI) do Hospital de Caridade Astrogildo de Azevedo na noite de terça-feira. Não menos impactante é o número da taxa de ocupação dos leitos clínicos, que estava em 86,5% - na segunda-feira, o índice chegou a 98%. Os números, conforme autoridades de saúde, refletem o comportamento das pessoas, especialmente durante as festas de fim de ano. A instituição de saúde privada é a que concentra o maior número de leitos em Santa Maria, com 112 no total, sendo 60 de UTI e 52 clínicos. Nos hospitais públicos do município, a situação é um pouco mais amena.
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A alta acontece menos de um mês depois da abertura de 10 novos leitos de UTI no hospital. Na terça, havia apenas três desses leitos e sete clínicos disponíveis no Caridade. Para a diretora clínica da instituição, a médica infectologista Jane Costa, o aumento significativo se deu pelo descuido das pessoas e, segundo ela, janeiro já é um dos piores meses da Covid na cidade:
- Umas 200 pessoas numa festa, 400 em outra. Festas de fim de ano e praia. Tudo isso gera contágio e internações. A população precisa se preservar, pois o serviço de saúde como um todo é finito. Estamos falando em salvar vidas - disse Jane.
O diretor técnico do hospital, o médico Luiz Gustavo Thomé, concorda que a situação é reflexo do período de final de ano. A alta na ocupação, contudo, na interpretação dele, não deve ser alarmante neste momento, mas não deve ser ignorada. Ele reitera que a instituição é referência para o interior do Estado.
- São poucos os hospitais com o número de leitos que temos no interior do Rio Grande do Sul. Esperamos que possamos dar conta - reitera Thomé.
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O momento, segundo o médico, não é para ampliar o número de leitos ou transferir pacientes. No final do ano passado, a possibilidade de transferência de casos que não são mais contaminantes ficou acertada com o Hospital da Unimed e o Hospital São Francisco de Assis. Assim como a ampliação de leitos, a avaliação é de que isso não seja preciso, pelo menos neste momento:
- Ainda não é necessário, e os pacientes não estariam prontos para transferência por ainda serem contaminantes.
Uma dificuldade que segue no principal hospital de atendimento à Covid-19 na cidade é relativo ao pessoal. Se fosse ampliado o número de leitos, outra dificuldade seria ter profissionais para mais atendimentos.
data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Renan Mattos (Diário)
Conforme o Observatório de Dados da Covid-19 da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), a mortalidade de Covid no município está 58,78 para cada 100 mil habitantes. Até o fechamento desta edição, 163 pessoas haviam perdido a batalha para o coronavírus na cidade.
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Os efeitos das movimentações do final do ano passado ainda serão sentidos nas próximas semanas. Ao menos, essa é a análise de dois epidemiologistas, Marcos Lobato e Marinel Dall'Agnol. A análise de ambos converge para a compreensão de que, ainda antes do Natal, a cidade já vivia o momento mais crítico da pandemia.
- Em todos os feriados, 15 dias depois, teve aumento de casos. O aumento de agora é rebote de dezembro, mas ainda pode piorar. O registro de antes acaba entrando agora - explica a médica epidemiologista Marinel, que coordena o Laboratório de Epidemiologia do Departamento de Saúde Coletiva da UFSM.
Lobato busca a referência em outros meses que tiveram picos para projetar o que pode acontecer na sequência da alta atual. Isso não quer dizer que há como prever exatamente o que vai acontecer, mas apenas fazer uma projeção. A expectativa é negativa pelo aumento de casos e internações.
- Temos aumentos e quedas. Isso aconteceu em setembro, outubro, novembro e dezembro. Pela demora de diagnóstico, ainda vão ter novos casos das últimas semanas. Sempre tem um tempo até se ocupar leitos depois do diagnóstico - explica o médico, que coordenada a Centro de Referência Municipal da Covid-19.
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data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Renan Mattos (Diário)
HOSPITAIS PÚBLICOS
O Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) e o Hospital Regional de Santa Maria estão em situação diferente do Caridade. Até a tarde de ontem, o Husm tinha 62% dos leitos de UTI ocupados, enquanto os clínicos chegavam a 36,7%. A gerente de Atenção à Saúde do Husm, Soeli Guerra, lembra que o crescimento ou estabilidade do vírus está associado diretamente aos fatores comportamentais. Dessa forma, há meses em que os picos de agravamento são sentidos nas ocupações de leitos.O Hospital Regional também tem uma situação mais confortável que o Caridade em relação aos leitos. Dos 40 disponíveis, 24 estavam ocupados conforme a atualização de terça-feira no painel de monitoramento da Secretaria Estadual de Saúde. Já os leitos de UTI tinham 80% de taxa de ocupação. O diretor técnico do Regional, Mery Martins Neto, explica a situação com a chamada "taxa de giro elevada". Isso significa, segundo o médico, que o hospital consegue dar alta aos pacientes sem prolongar a permanência.
*Colaboraram Maurício Araujo e Leonardo Catto
Hospital de Caridade
- Terça-feira - 95% (UTI) e 86,5% (clínicos)
- Há 15 dias - 78,3% (UTI) e 61,5% (clínicos)
Hospital Regional
- Terça-feira - 80% (UTI) e 60% (clínicos)
- Há 15 dias - 86,7% (UTI) e 57,5% (clínicos)
Husm
- Terça-feira - 62,1% (UTI) e 26,7% (clínicos)
- Há 15 dias - 79,3% (UTI) e 20% (clínicos)