A tumultuada sessão da Câmara na última terça, 2, foi marcada por ao menos três fatos. Um a fala institucional do presidente, o tucano Admar Pozzobom. O edil direcionou a giratória, ainda que não citasse nomes, a dois colegas: Tubias Callil, do PL, e Werner Rempel, do PC do B.
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O primeiro, ao longo de 2025, elevou o tom contra o procurador jurídico, Lucas Saccol Meyne, por conta da polêmica CPI da Corsan, que acabou de forma açodada os trabalhos que vinham apurando as pataquadas envolvendo a companhia e a relação com o Executivo.
O segundo, há 10 dias, proferiu palavras pesadas ao atual chefe de Gabinete da Presidência, Glauber Licker Rios, na sessão que acabou com uma sinalização de retirada dos projetos da reforma da Previdência (o que seria confirmado dias depois).
Admar disse, sem falar em nomes, haver edis com “postura incompatível com o decoro parlamentar”. Também destacou que “o direito dos parlamentares não é absoluto mesmo que haja imunidade” e, concluiu: “imunidade não é impunidade”. A fala do presidente foi carregada de simbolismo e com a chancela dos membros da Mesa que sabem e reconhecem o peso e a entrega que a dupla defendida fez ao longo do ano.
Meyne e Licker Rios, com amplíssimo conhecimento do Regimento e dos meandros da Casa, são conhecidos não só por dominar (e, sem exagero, manipular) as peças do xadrez político da Casa do Povo, como são “os donos do tabuleiro”. Verdade ou não, ambos são reconhecidos – na situação e na oposição – pela habilidade técnica e política, o que os qualifica a ser mantidos nos cargos em 2026.
O segundo fato que precisa ser lembrado é o entrevero causado por Tony Oliveira que, mesmo contido, foi “para cima” da edil Helen Cabral. Há imagens nítidas nas redes sociais, a indicar a situação, com consequências policiais (provavelmente) e políticas (quase) certamente. No mínimo, algo a envergonhar a atividade parlamentar.
O terceiro fato foi decorrente de um arrancarrabo entre Tubias Callil, na tribuna, e o presidente Admar, que cobrou o fato de o edil liberal não tratar da discussão de um projeto.
Como resultado, após o período em que a sessão fora interrompida, já na madrugada de quarta, Callil gastou 30 segundos para colocar a mordaça improvisada vista na foto que ilustra essa nota, e os 9 minutos e meio restantes calado, embalado pelas palmas da plateia. O resultado? Fica para o leitor avaliar.