Foto: Renan Mattos (Diário)
A lição para melhorar os índices da educação na Região Central é desafiadora e caberá ao futuro governador implantações ações que possam elevar a qualidade do ensino público.
As escolas de Santa Maria e de mais 38 municípios de cobertura do jornal, por exemplo, não atingiram a meta nacional prevista para 2017 em relação ao Ensino Médio. É o que apontam os dados divulgados pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que é o principal parâmetro sobre a qualidade da educação no país. Aos índices nada satisfatórios no Ideb, somam-se a falta de condições de estrutura das escolas, de recursos humanos e até de materiais, de professores mal remunerados e até desmotivados.
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Para especialistas no tema, a lição de um ensino de qualidade passa pela melhoria da formação e valorização dos mestres, estrutura em condições e mais investimentos em educação, além do cumprimento das metas do Plano Nacional da Educação (PNE).
Após a publicação de uma reportagem especial sobre os desafios para melhorar a educação da região, o Diário convidou os oitos candidatos a governador - Eduardo Leite (PSDB), Jairo Jorge (PDT), José Ivo Sartori (MDB), Julio Flores (PSTU) Mateus Bandeira (Novo), Miguel Rossetto (PT), Paulo de Oliveira Medeiros (PCO) e Roberto Robaina (PSol) -, a apresentarem a lição que pretendem adotar.
Foi ofertado espaço igual a todos os postulantes ao Piratini. O concorrente que ultrapassou o tamanho limitado, teve o final do texto cortado, no caso desta edição, o candidato Eduardo Leite.
Dos oito concorrentes ao governo do Estado, só Medeiros não enviou a resposta. Confira as propostas dos concorrentes ao Palácio Piratini por ordem alfabética.
Eduardo Leite (PSDB)
Coligação - PSDB, PTB, PRB, PPS, PHS, Rede e PP
- O ensino é a porta que poderá dar ao aluno um futuro, perspectiva de vida e competitividade. Ele é a nossa prioridade. Fixá-lo na escola, evitar a evasão e motivá-lo a aprender é o nosso grande desafio. Para superá-lo, a escola pública precisa mudar. É necessário instituir um processo de gestão moderno, o uso intensivo de tecnologias compatíveis com a necessidade dos jovens, novos métodos e didáticas contemporâneas que tornem a frequência na escola atrativa e motivadora.
- Vamos fortalecer e valorizar os profissionais da educação, equipar as escolas, promover a formação continuada dos professores e facilitar a sua familiarização com as novas tecnologias.
- Temos o compromisso com a remuneração justa dos docentes. Propomos um novo plano de carreira, o princípio da valorização profissional e condições de trabalho dignas.
- Queremos a integração dos sistemas de gestão que possam proporcionar mais rapidamente indicadores e diagnósticos de replanejamento das ações para alcançar melhores resultados.
Jairo Jorge (PDT)
Coligação - PDT, Avante, PV, Pode, PPL, PMB e Solidariedade
- Recentemente foram divulgados os resultados do IDEB e, mais uma vez, o Rio Grande do Sul não atingiu a meta nacional e se manteve em 15º lugar em todo o país. Para mudar essa realidade, é necessário pagar os salários dos professores em dia e não a conta-gotas como vem sendo feito. Propomos a 2ª revolução educacional no Estado, inspirada no que fez Leonel Brizola há 60 anos. Isso começa com a valorização dos profissionais da educação.
- Para realizar essas melhorias, vamos utilizar os lucros das estatais como o Banrisul para criar um Fundo da Educação que servirá para investir em escolas de turno integral, com pedagogia inovadora e uso de novas tecnologias em sala de aula, preparando as crianças e os jovens para o futuro profissional, no campo e na cidade.
- Sei que dá pra fazer porque já fiz e deu certo. Quando fui prefeito de Canoas, construí 14 escolas, tive uma relação direta com os professores e estabelecemos um novo plano de carreira com salário inicial de mais de R$ 4 mil.
José Ivo Sartori (MDB)
Coligação - MDB, PSD, PSB, PR, PSC, Patriota, PRP, PMN e PTC
- Atuamos para que o Rio Grande do Sul volte a ter uma educação pública de referência, onde o aluno sinta satisfação com o aprendizado e permaneça nas escolas até a conclusão do Ensino Médio. Os índices que medem o desempenho nos anos iniciais e finais do Ensino Fundamental apontam que a aprendizagem no estado ficou acima da média nacional. Criamos condições estruturais associadas a um processo de inclusão digital, bibliotecas e laboratórios.
- No primeiro mandato, conseguimos ampliar o número de escolas com turno integral, de 46 para 108. Fizemos mais de mil obras e reformas e entregamos mais de 80 mil mesas e cadeiras, além de R$ 94,4 milhões investidos na informatização.
- Mas ainda há muito a fazer para universalizar um ensino de qualidade para os 900 mil alunos na rede estadual, com realidades e desempenhos diferentes.
- Nossa meta é ampliar a qualificação continuada dos professores. Tornar o ensino mais atrativo com a adoção de tecnologia e de disciplinas indispensáveis no mundo atual.
Júlio Flores (PSTU)
- Na educação, a defesa da escola pública como um direito de todos está cada dia mais ameaçado. Além dos problemas de equipamento, os governos impõem um currículo unificado que reduzem os conteúdos. O objetivo dessas medidas é formar mão de obra barata, sem possibilitar qualificação ou acesso ao ensino universitário.
- É um crime o que Sartori está fazendo com os trabalhadores da educação. Pagar o salário em dia é o mínimo. Mas, além disso, é preciso pagar o piso salarial, que nem Tarso pagou. Faremos isso com o fim das isenções fiscais e não pagando a dívida com a União. Defendemos o fim da verba pública para o ensino privado, e a completa autonomia das escolas. É preciso que os trabalhadores, estudantes e professores elaborem o currículo, e façam a gestão das escolas. Também somos terminantemente contra o Escola Sem Partido, que quer calar a diversidade de pensamento. Só será possível organizar tudo isso, se os trabalhadores se organizarem em uma rebelião contra os governos e os patrões.
Mateus Bandeira
(Novo)
- O papel do Estado não é ser dono da escola nem contratar professor, mas sim garantir chances iguais para todos.
- Por isso, estamos propondo a introdução de duas medidas inovadoras. A primeira é a compra de vagas em escolas particulares de boa qualidade, o que chamamos de Prouni do ensino básico, visando permitir a igualdade de acesso e oportunidades para os filhos das famílias que não têm condições de arcar com os custos das boas escolas da rede privada.
- A outra iniciativa é a implantação de escolas comunitárias. Neste modelo, que é bem-sucedido em vários países, são feitas parcerias com entidades do 3º setor - por meio de processo público de seleção - para que elas façam a gestão das escolas com repasses e fiscalização do governo. Assim, as escolas ficam livres das amarras do Estado e têm autonomia para contratar, promover, desligar, criar sistema de incentivo e fazer com que a escola toda esteja voltada para a melhoria do ensaio e da aprendizagem.
Miguel Rossetto (PT)
Coligação - PT e PCdoB
- A educação pública piorou muito no governo Sartori, chegando a ficar abaixo da média nacional nas últimas duas avaliações do IDEB, índice que mede a qualidade do ensino no país. É preciso mudar esse rumo e priorizar a educação. A primeira medida para recuperar a escola pública é tratar com dignidade as professoras e os professores, por isso meu compromisso em pagar os salários em dia. Um governo que atrasa 33 meses de salários não valoriza a educação de seus jovens. A segunda medida é a recuperação física da rede pública. Não podemos mais conviver com escolas em situações precárias, sem luz, sem telhado. Dessa forma, iremos fazer as reformas e obras emergenciais. Além disso, estudantes, pais, professores e funcionários estão com medo, pois assaltos e tiroteios nos entornos das universidades e das escolas estão cada vez mais comuns. Por isso, criarei o Batalhão de Policiamento Escolar Comunitário, que terá a tarefa específica de garantir a segurança nessas áreas.
Roberto Robaina (PSol)
Coligação - PSol e PCB
- Para melhorar o desenvolvimento da educação básica é fundamental termos educadores respeitados e bem remunerados, escolas com infraestrutura adequada e acolhedora para a juventude. Para reverter o desmonte em curso, nossa prioridade é o pagamento em dia dos servidores. Nos comprometemos ainda com o piso nacional do magistério, a recuperação anual dos salários e com incentivos à capacitação.
- Para cumprir esses pontos é preciso debater com seriedade as fontes de receitas do Estado. Nossa proposta aponta 4 formas de aumentar a arrecadação: combate à sonegação, revisão das isenções fiscais, não-pagamento da dívida e revogação da Lei Kandir.
- Só a sonegação gera uma perda de R$ 8 bilhões anuais ao RS, quatro vezes mais do que o déficit do 1° semestre de 2018. Combater este crime é uma ação da alçada do governo estadual.
- Quanto à infraestrutura, está entre nossos compromissos um plano de ação contínuo de recuperação dos prédios, o que inclui obras de saneamento, na rede elétrica e conservação.