Fotos: Divulgação/Husm
O Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) realizou uma cirurgia complexa chamada EXIT-like em um bebê com gastrosquise. Essa é uma condição congênita que deixa órgãos expostos fora da parede abdominal. Segundo a instituição, o procedimento ocorreu no dia 1° de agosto e envolveu profissionais de diversas áreas como Medicina Fetal, Obstetrícia, Cirurgia Pediátrica, Pediatria, Anestesia e Enfermagem. O estado de saúde do bebe não foi divulgado.
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Segundo a ginecologista e obstetra do HUSM, Caroline Mombaque dos Santos, “o procedimento EXIT consiste em manter a circulação fetoplacentária durante a cesariana até que as vias aéreas ou outras condições do bebê sejam tratadas”. No caso, o EXIT-like permitiu recolocar os órgãos ainda durante o parto, enquanto o bebê recebia oxigênio pela placenta, reduzindo riscos. A sigla EXIT vem do inglês ex utero intrapartum treatment, que em tradução livre significa tratamento extraplacentário intraparto.
O planejamento para o procedimento começou durante o pré-natal, com acompanhamento por ultrassonografia para avaliar o momento ideal do parto. A escolha por essa técnica considerou a necessidade de reduzir o inchaço dos órgãos expostos e diminuir riscos no pós-operatório. O exame usado no pré-natal para avaliar o caso foi o Svetliza Reducibility Index (SRI), que "permite a quantificação da progressão do edema das alças exteriorizadas, avaliando o diâmetro da maior alça dilatada, a espessura da parede desta alça e a avaliação do anel da parede abdominal. Esse exame é realizado rotineiramente no pré-natal”.
– Contamos com equipes de diferentes especialidades. Todas cientes do caso desde o início, o que permitiu definir o melhor momento para o nascimento – afirmou Caroline.
O processo realizado também foi comentado pela ginecologista e obstetra e residente de Medicina Fetal no HUSM, Camila Tirelli Cavalli:
– Foi preciso que muitas pessoas trabalhassem em sincronia para garantir o melhor desfecho possível. Cada profissional foi essencial e isso demonstra que o trabalho em equipe é uma das coisas mais importantes em casos delicados como esse, com o conhecimento e responsabilidade.
O que é gastrosquise?
É uma malformação fetal que ocorre em cerca de dois a quatro fetos a cada 10 mil gestações, mais comum em gestantes jovens (abaixo de 20 anos)”. Segundo o ginecologista e obstetra e residente de Medicina Fetal do HUSM, Lauro Henrique Heinsch Domenighi, essa abertura deixa órgãos como intestino, estômago, bexiga e, em alguns casos, fígado expostos ao líquido amniótico, o que pode causar inflamação. O diagnóstico antes do nascimento é importante para definir o tratamento.
Domenighi afirma que, nos últimos anos,novas formas de acompanhamento durante a gestação, como a ultrassonografia detalhada, ajudam a definir o momento mais seguro para o parto. Isso aumenta as chances de recolocar os órgãos imediatamente, ainda com o bebê ligado à mãe, e reduz complicações.
*com informações da assessoria de comunicação do Husm