Nada, imagina-se, que os estrategistas da prefeitura não saibam. Mas é fato que não será definitivamente fácil a aprovação de qualquer reforma da Previdência, na Câmara. E nem se está a falar aqui da necessária maioria de dois terços para mudar a Lei Orgânica.
Até mesmo a maioria simples será bastante complicada. Por quê? Porque a coluna teve acesso a detalhes de reunião no final da tarde de terça-feira (7) por uma hora e dez minutos, do grupo de edis da base governista. O encontro aconteceu na Sala de Reuniões do Palacete da Vale Machado e a ele compareceram 11 vereadores.
+ Receba as principais notícias de Santa Maria e região no seu WhatsApp
Ausência? A do líder do governo, Givago Ribeiro (PSDB). Quem esteve lá? Alexandre Pinzon Vargas e Guilherme Badke (Republicanos), Admar Pozzobom e Lorenzo Pichinin (PSDB), Sérgio Cechin e Luiz Carlos Fort (PP), Adelar Vargas e Rudys Rodrigues (MDB), Luiz Roberto Meneghetti (Novo), Marcelo Bisogno (UB) e Tony Oliveira (Podemos).
Tema da conversa? Um só: a chamada “pauta bomba” da reforma previdenciária. E o tom, conforme relato de dois participantes à coluna? “Insatisfação e revolta”. A “falta de interlocução” do governo com o Parlamento atrelada a uma proposta que “penaliza severamente os servidores” deram a tônica do encontro. A sensação passada é que o “atual governo tem tido a mesma prática do seu “antecessor e criador”: Jorge Pozzobom”. Ou seja, “procura a Câmara apenas quando precisa”. Justa ou não a impressão, é o sentimento percebido.
O descontentamento todo está em torno da reforma previdenciária, tida como “perversa” e que embute uma preocupação: “vai entrar na conta dos vereadores para ser resolvida”. O entendimento dos presentes ao encontro é que o estudo do Igam, que aponta para os cenários da reforma, é “um tanto falho e questionável”.
Parlamentares ainda colocaram preocupação adicional: “o governo colocou a proposta no nosso colo e se (a gente) não aprovar, atrasam salário e fornecedores, e ficamos de culpados”. De outra parte, “se aprovarmos, nos queimamos com servidores”.
Um outro edil, estreante nesta legislatura, adiantou que será contrário à reforma: “não vou me queimar por meia dúzia de cargos”. Já um dos mais experientes expôs que o prefeito está “mal assessorado de todos os lados” e que “é grande a chance de (o projeto) não ser aprovado”. Outro, mais bem humorado e menos estressado, colocou que poderiam apresentar atestado médico no dia da votação.
Brincadeira ou não, o fato é que na tarde de segunda-feira (13), o mesmo grupo se reúne com o prefeito e o chamado núcleo-duro, no 7º andar do Centro Administrativo e, se o decidido no encontro da última terça for cumprido, será demonstrada a insatisfação com a proposta divulgada.
PS. Depois do fechamento da coluna, soube-se da nomeação do ex-vereador Juliano Soares como assessor superior e interlocutor do Executivo com a Câmara. É uma clara tentativa de melhorar a relação.