Em meio a bate-boca, aplausos e vaias, Câmara vota moção para retirada de proposta de Reforma da Previdência

Em meio a bate-boca, aplausos e vaias, Câmara vota moção para retirada de proposta de Reforma da Previdência

Foto: Reprodução

Em uma sessão tumultuada com bate-boca, vaias e aplausos de servidores que ocupavam as galerias, a Câmara de Santa Maria aprovou, na terça-feira (18), uma moção de apelo ao governo Rodrigo Decimo (PSD) pela retirada da proposta da Reforma da Previdência, que é constituída por quatro projetos, encaminhada ao Legislativo no dia 3 de novembro.


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Mesmo antes da discussão e votação, o clima já era tenso. O presidente da Câmara, Admar Pozzobom (PSDB), interrompeu a sessão para uma reunião da base do governo a portas fechadas de 20 minutos, contudo se estendeu por cerca de uma hora, motivo de reclamação de parlamentares da oposição, que foram buscar os vereadores de situação para voltarem ao Plenário. No retorno, Admar convidou dirigentes sindicais para uma reunião dentro do próprio Plenário com o objetivo, conforme ele, de propor "uma comissão de uma mesa de negociação" para tratar da reforma.

Logo depois, o pedetista Luiz Fernando Cuozzo Lemos foi à Tribuna e insinuou que o presidente teria proposto aos representantes das categorias a retirada de pauta da moção e a criação da comissão. "Minutos atrás, a gente teve uma reunião, junto à Mesa, e trouxeram a ideia de constituir uma comissão para discutir aqui dentro as propostas que foram trazidas pelo governo na hipótese, entendido por mim, que essa moção não fosse votada, muito embora isso não tenha sido falado", afirmou Lemos.

O presidente da Casa se irritou com a insinuação do vereador e rebateu. "Eu interrompi a sessão e chamei os representantes dos sindicatos. Em momento algum foi para a retirada da moção. O senhor (Lemos) foi deselegante na sua fala, o senhor botou a base do governo contra o povo. Existe política e politicagem, e politicagem em cima da gente, eu não vou aceitar", retrucou Admar, sob vaias dos servidores, que lotaram as galerias. "Vou interromper a sessão e só retorno quando tiver silêncio", avisou o presidente da Casa, que ironicamente, completou: "Eu agradeço as vaias".

Com os ânimos mais calmos, a autora da moção, Alice Carvalho (PSol), foi à Tribuna defender a iniciativa. Em sua manifestação, ela pediu sensibilidade do Executivo para rever o texto proposto e defendeu o diálogo. Ela, inclusive, citou reportagem do Diário com a posição dos 21 vereadores, em que alguns parlamentares da base afirmaram que não tinham conhecimento de parte das regras, reforçando, segundo Alice, a necessidade da retirada dos projetos. "A retirada será benéfica para todos. Os que votarem contra a retirada estarão dando um claro recado que são favoráveis à proposta como ela está, como foi elaborada. Todos acreditam aqui que o melhor é que essa reforma seja retirada e rediscutida", ressaltou a autora da moção.

Depois do pronunciamento, muitos vereadores pediram espaço de liderança de seus partidos e a maioria fez duras críticas ao governo Decimo pelo texto enviado à Câmara e condução do processo. Da base, Tony Oliveira (Podemos) pregou diálogo e disse que a situação é difícil para a Câmara e para o próprio prefeito. "Se quiserem vaiar, fiquem à vontade. (A Reforma da Previdência) Não é uma invenção desse governo, vem de vários governos. O Ipassp foi criado no governo Valdeci (PT) sem nenhum real em caixa, depois veio o Schirmer, veio o Pozzobom..." frisou Tony, que votou a favor da moção de apelo.

Mesmo que as moções tenham um caráter simbólico, a votação evidenciou as dificuldades do governo para votar a proposta – o governo precisa de 11 votos para os projetos de lei e 14 para a emenda à Lei Orgânica. Dos 15 votos favoráveis à retirada da proposta, muitos deles vieram da base do governo. Só quatro foram contrários: Adelar Vargas (MDB), Admar Pozzobom (PSDB), Givago Ribeiro (PSDB) e Luiz Roberto Meneghetti (Novo) – e não são, necessariamente, contra o texto, assim como os que se posicionaram a favor da moção não são contrários à reforma: há os que têm a compreensão de que ela é necessária. A base tem consenso que os projetos precisam de ajustes, o Executivo, também. E o alerta foi dado.


Placar da votação da moção*
A favor

  • Alexandre Vargas (Republicanos)
  • Alice Carvalho (PSol)
  • Helen Cabral (PT)
  • João Ricardo Vargas (PL),Coronel Vargas
  • Lorenzo Mazzine Picchinin (PSDB)
  • Luiz Carlos Fort (Progressistas)
  • Luiz Fernando Cuozzo Lemos (PDT)
  • Marina Callegaro (PT)
  • Rudys Confirmadíssimo (MDB)
  • Sergio Cechin (Progressistas)
  • Sidi Cardoso (PT)
  • Tony Oliveira (Podemos)
  • Tubias Callil (PL)
  • Valdir Oliveira (PT)
  • Werner Rempel (PCdoB)


Contra

  • Adelar Vargas (MDB)
  • Admar Pozzobom (PSDB)
  • Givago Ribeiro (PSDB)
  • Luiz Roberto Meneghetti (Novo)


Os vereadores Guilherme Badke (Republicanos) e Marcelo Bisogno (União Brasil) estavam em viagem autorizada pela Câmara e não participaram da sessão.

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